O que o Brasil e o mundo assistiram na semana passada não pode ser interpretado como um movimento isolado de um grupo de estudantes mais articulados pelos caminhos das redes sociais e com questionamentos sobre aumentos de tarifas de transportes coletivos em algumas das principais capitais.
A esse respeito, sugerimos a leitura da coluna de Miriam Leitão de 19/06, sob o título “É preciso ouvi-los”. Muito embora o movimento que está começando tenha ainda rumos diversos e questionamentos de toda a natureza, ainda assim, com o passar do tempo, tomará contornos mais objetivos, certamente engendrados por lideranças que surgirão.
Convém notar que tem característica apartidária (basta ver a refração às bandeiras de partidos nas passeatas), muito embora alguns partidos e políticos tentem pegar carona, seja através de anúncios em TVs ou por expressão.
Na verdade, essa espontaneidade surge do fato de todos estarem cheios da corrupção que grassa, de um país mal administrado por anos, de alianças espúrias para governar e da percepção de que a inflação começa a evoluir sem a ação do governo, principalmente no segmento de alimentos.
Além disso, o governo mandou todos consumirem e agora os juros dos financiamentos voltam a subir, elevando a inadimplência e o mal-estar das classes que chegaram ao consumo.
Faz muito tempo que estamos alertando para os descaminhos de nossa política econômica – que somente agora são percebidos pela população, ainda que de forma empírica e inicialmente desorganizada.
Até a presidente Dilma tentou pegar carona no movimento, dizendo por ocasião do anúncio do marco regulatório da mineração que “essas vozes das ruas precisam ser ouvidas” e ultrapassam os “mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia”.
Ela ainda acrescentou: “Todos nós estamos diante de novos desafios. Quem foi ontem às ruas quer mais. As vozes das ruas querem mais. Mais cidadania, mais transporte, mais oportunidades”.
Cadê então o discurso “cor-de-rosa”, tipo Poliana, que falava que tudo ia melhorar, que a população tinha mais saúde, mais educação, mais renda e que a pobreza extrema tinha extinguido? É fato que o mundo atravessa fase econômica ainda crítica, mas também é fato que o Brasil piorou mais que outros emergentes concorrentes, exatamente quando todos começam a mostrar sinais de alguma recuperação.
Quase enxergamos a presidente Dilma indo também para as ruas cantando hinos e palavras de ordem. Agora a presidente quer ouvir o que dizem as ruas. O governo deveria ter ouvido antes o que diziam os economistas sobre a política econômica errática, de administração por sustos e de baixos resultados.
Ao contrário, insistiu no que garantiria vencer eleições de disputas antecipadas e o caminho mais fácil. Insistiu em cooptar sindicatos, ONGs, órgãos de classe e partidos, cujo apoio depois das ruas deve ser outro.
Agora terá que dar um choque de credibilidade que passa obrigatoriamente por contenção de despesas (e não de investimentos), exatamente no momento em que as ruas questionam.
Veja só, o governo ainda terá que aumentar juros, quando as famílias estão endividadas (até no consignado) e terá que cooptar os investidores estrangeiros, até mesmo o capital especulativo para financiar o déficit em conta corrente.
E tem mais. Terá ainda que voltar a colocar Estados na “camisa de força” da Lei de Responsabilidade Fiscal que já estava quase no esquecimento. Terá que reduzir custos da máquina estatal e seus 39 ministérios. Terá que ampliar investimentos em infraestrutura sob pena de, não o fazendo, não ter o apoio dos investidores externos e privados.
Fará tudo isso? Essa é a questão…
Ainda há tempo para mudar, mas isso exige enorme vontade política e novas lideranças. Transportando isso para os mercados de risco, a volatilidade cresce bastante e é exatamente aí que surgem as oportunidades de ganhos extraordinários.
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