Neste último domingo, em uma noite histórica para o país, a Câmara dos Deputados, por 367 votos a favor (eram necessários 342), deu prosseguimento ao processo de admissibilidade para o rito de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Desta forma, o processo agora segue para o Senado Federal, que deverá formar uma Comissão Especial com 21 senadores. Após passar pelos trâmites burocráticos mandatórios, o Senado deverá aprovar, por maioria simples, o afastamento da presidente pelos próximos 180 dias.
Após este período, que será utilizado pela presidente para se defender das acusações, o vice-presidente da república, Michel Temer, assumirá a posição interinamente. Para finalizar, passados estes 6 meses, o Senado se reunirá novamente e aí serão necessários 2/3 dos votos para o afastamento definitivo de Dilma Rousseff.
À primeira vista, parece um pouco confuso e complicado, mas este foi o rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O que esperar do governo de Michel Temer?
Bom, na verdade ainda há um enorme ponto de interrogação no que podemos esperar daqui para frente, visto que o vice-presidente tentará unificar as bases políticas, o que nos parece bastante complexo neste momento, para aprovar as reformas necessárias para o país (que passa por um grave momento econômico).
Os anúncios dos nomes que irão compor os principais ministérios serão aguardados ansiosamente tanto pela população, quanto pelos investidores. No entanto, em um primeiro momento e por um voto de confiança deste novo governo, o que podemos esperar é uma melhora das expectativas, tanto do empresariado, como dos consumidores.
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Possíveis efeitos na Bolsa de Valores
Na Bolsa de Valores, neste intervalo de tempo entre a aprovação na Câmara e votação inicial no Senado (o que podemos considerar cerca de 20 dias), podemos esperar muita volatilidade, apesar de instituições já apresentarem que a quantidade de nomes favoráveis à destituição da presidente já tenha atingido número suficiente.
No entanto, especulações sobre nomes ou até mesmo eventuais anúncios oficiais poderão impactar os preços dos ativos, especialmente no que diz respeito aos cargos de ministro da Fazenda e presidente do Banco Central.
Portanto, diante da indefinição momentânea, seguimos neutros no mercado (sem recomendação de compra e nem de venda para aqueles que visam o médio/longo prazo), especialmente após a forte alta no mês de março e nestas primeiras semanas de abril.
Este é um momento de prudência, e desta forma o mais recomendável é aguardar o desfecho desta situação. Para se ter ideia, no ano, mesmo diante de uma das piores crises econômicas da história do país, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, sobe mais de 20%.
No entanto, quem olha os fundamentos do país e os correlaciona com os das empresas, sabe que mesmo que o mercado viva de expectativas, a tendência destes dois é convergir (mais cedo ou mais tarde).
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Para encerrarmos o tema “Ações”, vale repetir o que sempre mencionamos em nossas apresentações: indefinição gera volatilidade e volatilidade gera oportunidades para os “curto-prazistas”.
Se você é um dos investidores que está de olho no curto prazo, é necessário acompanhar os preços das principais commodities globais, como o petróleo e o minério de ferro, os indicadores da economia da China, que são divulgados periodicamente, e a possibilidade de elevação da taxa de juros nos EUA.
Possíveis efeitos na renda fixa
Para quem busca alternativas nos mercados de renda fixa (CDB, LCI, LCA, LC) e títulos públicos, é esperado um recuo na taxa de juros do país, a Selic, que atualmente está em 14,25% ao ano. Para isto ocorrer, vale ficar atento às reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), uma delas a ser realizada na próxima semana.
Sem dúvidas, os encontros mais aguardados serão aqueles a se realizarem a partir de junho, quando o novo governo, mesmo que seja interino, já deverá estar consolidado. Sendo assim, os títulos do Tesouro Selic, as LCIs e LCAs seguem como as aplicações mais recomendadas para o curto prazo, enquanto o Tesouro IPCA segue como o mais sugerido para o longo prazo.
Para finalizar o assunto renda fixa, mesmo com a iminente mudança no Governo Federal, seguimos administrando e acompanhando os possíveis riscos sobre os títulos do Tesouro, que permanecem extremamente baixos.
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Possíveis efeitos no câmbio
Completando o comentário sobre os principais ativos, obviamente não poderíamos deixar passar em branco a situação do câmbio, em que o dólar vem se desvalorizando em relação ao real nas últimas semanas.
Isso decorre de uma pequena melhora em alguns dos indicadores nacionais, mas principalmente pela desvalorização das commodities, fazendo com que o dólar perca valor em relação às moedas de mercados emergentes em geral, além da entrada de grande fluxo de capital estrangeiro no país pela expectativa da retomada da confiança através da saída da presidente Dilma Rousseff.
Neste momento, o dólar encontra-se na casa dos R$ 3,60, mas se formos levar em consideração os fundamentos da economia real do Brasil, a expectativa, a nosso ver e mesmo com um voto de confiança a Michel Temer, é de que a moeda norte-americana possa voltar a casa dos R$ 4,00, se ajustando a uma das piores e mais graves situações fiscal e econômicas do país.
Conclusão
Seguimos acompanhando diariamente as novidades deste fato político relevante que pode modificar a estrutura governamental de nosso país e impactar diretamente nos setores chaves da economia e consequentemente nos preços dos ativos nacionais.
Lembre-se: independentemente do momento do país, as oportunidades surgem e é preciso agarrá-las para obter rendimentos significativos que farão a diferença no longo prazo na sua carteira de investimentos. Obrigado e até a próxima!
Nota: Esta coluna é mantida pela Rico.com.vc, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/ Fotos Públicas (09/12/2015)