Em qualquer organização, seja ela religiosa, uma ONG ou uma empresa, o resultado (positivo ou negativo) e o cumprimento de metas estão intimamente relacionados ao desempenho das pessoas que compõem o grupo atuante. Isto é explicado de forma muito simples: só se obtêm produtos e/ou serviços a partir de idéias – e, por enquanto, só quem tem idéias são os seres humanos. E, convenhamos, parece ser tão simples ter idéias. Será?
Para uma indústria não adianta apenas investir em máquinas e processos, se toda a inovação é gerada indiscutivelmente pelas pessoas. A grande barreira nesse sentido parece ser conseguir que os colaboradores tenham essas tão sonhadas idéias e as compartilhe com sua equipe. E ainda mais, idéias inteligentes, aplicáveis e que possam ser utilizadas rapidamente para inovar em um produto/serviço. Está ai um grande desafio!
Para que isso aconteça se faz necessária a existência de um ambiente favorável, que motive e acelere o desempenho das pessoas. Um profissional ou cidadão só tem vontade de aperfeiçoar e criar coisas se esta atividade lhe trouxer prazer e felicidade. Ora, com certeza você conhece alguém que pensa, toda sexta-feira de manhã: “Ufa, amanhã é sábado, não tenho que trabalhar!”. Ou, no domingo: “Amanhã é segunda-feira. Começa a tortura”!
Pois é, isso ocorre porque as pessoas têm sonhos, desejos e vontades que muitas vezes são diferentes das metas da empresa. Assim, a empresa deve não só se preocupar em bater as suas metas e aparecer em primeiro no ranking de vendas do trimestre, mas também em apoiar seus funcionários no sentido de que eles também realizem seus sonhos pessoais, que devem ser valorizados pelos gerentes de cada área.
Sempre ouvi do Conrado Navarro, meu amigo pessoal, fundador do Dinheirama e autor do livro “Vamos Falar de Dinheiro?” que:
“Idéias para o crescimento e evolução de empresas surgem a todo o momento na mente de funcionários. O problema está no fato de que se as idéias surgirem em um domingo a tarde, a pessoa que teve esse insight não se preocupará sequer em anotá-la. Afinal, ela é paga para trabalhar de segunda a sexta-feira, das oito horas da manhã às cinco horas da tarde. No relacionamento entre empresa e funcionário fica aquela impressão de que somos pagos para ter as melhores idéias apenas no horário comercial”
A conclusão que podemos tirar é a de que o tratamento e o relacionamento entre gestores, metas e funcionários não estão alinhados: o colaborador não deve ser pago apenas pelas horas que trabalha, mas sim por se tratar de um investimento que faz com que a empresa atinja suas metas e gere inovação em seus produtos/serviços. Aquela visão de que somos apenas recursos é apavorante para a maioria dos profissionais. Maior liberdade em relação aos horários do funcionário não farão um mal tão grande assim, desde que o profissional seja responsável – outra questão delicada.
Para desempenhar suas funções com maior eficiência, o colaborador necessita estar à vontade em seu ambiente de trabalho e diante de suas metas. Além disso, ele precisa estar satisfeito para com as suas vontade e obrigações familiares. Assim, bastar dar a ele um bloquinho de papel e uma caneta para ele anotar as idéias que tiver ao longo do dia, mas também a qualquer hora. Com certeza ele gostará de realizar algo importante para uma organização que sempre o apoiou em suas vontades e necessidades profissionais, mas também pessoais.
“Quanto maior a satisfação dos funcionários, mais alta é a qualidade de vida no trabalho e mais positivo é o clima organizacional. Os funcionários podem estar mais ou menos satisfeitos, não apenas com o seu próprio trabalho e com as condições de trabalho, mas também com outros fatores, como a sua própria educação formal, vida familiar e oportunidades para desfrutar de atividades culturais e sociais. Estes dois últimos itens estão fora do ambiente de trabalho. No entanto, é inegável seu papel na saúde psicológica e na produtividade dos funcionários de todos os níveis. Em resumo: desempenho das pessoas = qualificação + satisfação”
Fonte: “Administração para Empreendedores”, de Antonio Cesar Amaru Maximiano (Pearson Prentice Hall, 2006).
Para repensar um pouco mais sobre ambientes de geração de criatividade e de inovação, deixo a seguir um vídeo do professor, consultor em gestão empresarial e palestrante, Waldez Ludwig. Espero que apreciem:
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Bruno Biscaia já atuou nos setores de Marketing de Eventos e de Planejamento e Controle da Produção. É estudante de Engenharia de Produção Mecânica na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e edita a seção de Empreendedorismo do Dinheirama.
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