Defina produtividade, ou responda: o que seria produtividade para você?
Por experiência, posso afirmar que cada leitor chegou com suas próprias palavras à mesma definição de produtividade: fazer mais com os mesmos recursos.
Ou seja, se consigo produzir mais, sou produtivo. Será mesmo esse conceito válido para todas as áreas, empresas e pessoas?
Minha proposta neste artigo é ampliar um pouco mais a discussão sobre o tema e contribuir para que você, leitor, possa ser mais produtivo, o que aliás em tempos de crise é um diferencial enorme.
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Vamos partir do princípio que para falar de produtividade precisamos antes falar do tempo; sim, o tempo! O que é tempo para você?
Quando alguém te pergunta na rua “Você tem tempo?”, a resposta geralmente é “Agora não, claro”, pois espera-se que logo após a pergunta venha algo mais, como uma proposta de venda de produto ou serviço, talvez uma pesquisa, enfim, podem ser várias coisas.
Nessa hora, estamos usando o conceito de tempo cronológico ou quantitativo, aquilo que Renato Russo cantava na canção Tempo Perdido: “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou”.
Por outro lado, quando estamos na beira da piscina ou de frente para o mar, curtindo um bom e merecido descanso, a ideia de tempo muda e passamos a nos preocupar com o tempo meteorológico: será que vai chover, esfriar e etc.
E, se o tempo estiver bom, vamos querer estender um pouco mais nosso momento, não vamos querer que o tempo passe; neste caso, damos ao tempo um sentido qualitativo.
Os gregos na antiguidade chamavam isso de tempo Kairos: um minuto de felicidade não pode ser igual a um minuto de tristeza; o tempo tem valor diferente neste caso. Podemos pensar na canção Paciência, de Lenini, quando ele diz: “Enquanto o tempo, acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa, a vida é tão rara”.
Ora, se o tempo, que é base para a produtividade, não é visto de forma igual pelas pessoas, porque a produtividade então seria?
Voltando ao conceito de produtividade, fazer mais com o mesmo recurso. O recurso é o tempo e já vimos que existem medidas diferentes. E o fazer mais, o que seria então? Ai a coisa se complica um pouco, pois fazer mais para um vendedor pode ser diferente de fazer mais para um técnico de manutenção.
O vendedor pode querer visitar mais clientes nas mesmas 10 horas de trabalho, dia após dia, pois se ontem ele visitou 3 e hoje visitar 4, terá sido mais produtivo hoje do que ontem. O vendedor usou a mesma quantidade de tempo, mas falou com mais clientes.
Do mesmo modo, se o técnico de manutenção consertou uma máquina ontem em 2 horas e hoje consertar um problema igual em 1 hora e 45 minutos, terá sido mais produtivo hoje do que ontem; ele poupou tempo.
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Ambos fazem mais com o mesmo recurso de tempo que lhes foi dado, porém cada um usa o tempo a favor de sua atividade.
Mas aí eu pergunto: e o resultado? Será que o resultado foi satisfatório? Será que essa máquina não vai dar o mesmo problema amanhã ou daqui alguns dias? Será que os 4 clientes visitados vão comprar?
Entra agora uma questão importante, que é o retorno recebido em troca da alocação do tempo, o que eu chamo de Alto Retorno.
Penso eu que antes de iniciar a ação, da alocação do tempo, é preciso pensar no retorno que se terá ao utilizar o tempo; e não falo de retorno apenas financeiro, mas do retorno qualitativo do uso do tempo.
No que vai resultar isso? Por que alocar tempo nisso? Tais perguntas são essenciais e devem ser feitas, pois, visitar 4 clientes que não compram num dia inteiro de trabalho não será mais produtivo que visitar apenas um, mas que compre seu produto ou serviço – esse seria o alto retorno para o vendedor.
Do mesmo modo, não ter que resolver o problema de manutenção da máquina que se repete, pois em sua construção ou manutenção aplica-se o melhor recurso, também é ser mais produtivo que consertá-la de tempos em tempos; é investir tempo no alto retorno que é a qualidade da máquina vendida.
Certa vez, li na porta da sala de um executivo a frase: “A falta de planejamento do seu lado não representa uma urgência do meu”. O que ele queria dizer com isso era bem simples: não tome meu tempo com problemas que você deveria ter resolvido no devido tempo.
Esse executivo estava dando uma aula de alocação do tempo em atividades de alto retorno, pois ele não queria ser importunado em seu bom uso do tempo. Na certa, ele tinha uma lista de atividades em que precisaria investir tempo e sair dela o tornaria improdutivo.
No fim do dia, olhar a lista e perceber que a fez por completo lhe daria o senso de produtividade; do contrário, olhar a lista e perceber que nada do que foi planejado foi executado, pois algo aconteceu e tomou seu tempo, lhe traria a sensação de ser improdutivo.
De fato, quem gerencia suas ações, aumenta sua produtividade – isso significa dar qualidade ao uso do seu tempo, ter foco nas atividades de alto retorno e passar a maior parte do tempo nelas.
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Então, pensar produtividade é:
- Pensar antes no retorno esperado pela alocação do tempo em suas atividades;
- Focar nas atividades relevantes;
- Delegar ou reduzir o tempo usado em atividades que não são de alto retorno para a sua função; e
- Eliminar atividades que não tem retorno algum, mas que insistem em aparecer na agenda.
John C. Maxwell uma vez disse: “Seu Sucesso é determinado por sua agenda diária”.
Como anda sua agenda? Onde você tem alocado seu tempo? Quais são suas atividades de alto retorno?
Por que o jogador de futebol Neymar é bom? Ele é bom porque passa a maior parte do tempo lá na frente querendo fazer gols, onde ele é bom; ele não joga na retaguarda, ele fica a maior parte do seu tempo onde ele é bom, onde tem alto retorno.
Concluindo, agora vamos ouvir os Titãs na canção Go Back: “Não tenho tempo a perder, só quero saber do que pode dar certo”. Assista à entrevista:
Obrigado e até a próxima!