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Administração e Empreendedorismo – Entrevista com Leandro Vieira

by Bruno Biscaia
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Administração e Empreendedorismo - Entrevista com Leandro VieiraCaro leitor, hoje o Dinheirama traz uma entrevista com Leandro Vieira, um administrador que obteve sucesso apostando em um negócio pela internet, o portal Administradores.com.br. Neste texto, travamos uma discussão consistente e muito relevante sobre administração, empreendedorismo, internet e outros assuntos relacionados. Aproveite essa oportunidade e desfrute das idéias aqui colocadas, buscando sempre utilizá-las em seu dia a dia para melhor gerir o seu negócio e a sua carreira[bb].

Leandro Vieira é Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e certificado em Empreendedorismo pela Harvard Business School. Tem MBA em Marketing, pelo Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM) e é Administrador de Empresas pela UFPB e bacharel em Direito pelo UNIPÊ. Foi professor da Escola de Administração da UFRGS. Criador e Editor do Portal www.administradores.com.br, atualiza também o blog Administre-se para a Revista VOCÊ S/A.

1. Leandro, você conseguiu ser bem sucedido criando um empreendimento pela Internet, algo que é o sonho de muitos empreendedores do mundo todo. Então, acho interessante começarmos essa entrevista falando sobre como se deu a formação de sua empresa. O que te levou a querer empreender? Como ocorreu a visualização dessa oportunidade e, a partir disso, qual foi a sua atitude para fazer essa ideia dar certo?

Leandro Vieira: Tudo começou no ano 2000, em plena quebradeira das ponto.com. Naquela época, eu ainda era estudante do curso de Administração e internauta fanático. No meio de uma aula, fiz a seguinte pergunta para mim mesmo: “Como utilizar a internet para promover avanços e difundir conhecimentos da área de Administração?”. E aí tive um verdadeiro estalo.

No mesmo dia, como um bom aluno de administração, montei um plano de negócios, e mergulhei na internet para encontrar um nome adequado. Por sorte, administradores.com.br estava disponível e começou aí a minha trajetória profissional na internet.

2. É muito comum vermos em livros e em sites a descrição das características de um empreendedor. Geralmente, eles descrevem um perfil com qualidades inquestionáveis, como, por exemplo, alguém que seja comunicativo, pró-ativo, ousado, inovador, corajoso, organizado e muito mais. É uma lista de predicados que não tem fim. Você se sentia completamente preparado para a nova realidade de empreendedor, com todas estas características, ao dar inicio a criação de sua empresa? Como você conseguiu desenvolver as qualidades necessárias para o então novo cenário em sua vida?

LV: Tenho 31 anos e há quase 10 estou envolvido com o Administradores.com.br. É praticamente um terço de minha vida. O compromisso com essa ideia marcou profundamente a minha trajetória pessoal e profissional. Para estar à altura da pretensão de montar um canal que deveria ser o principal veículo on-line voltado à Administração, eu precisava me qualificar cada vez mais.

Se eu disser para você que eu tinha essas características totalmente desenvolvidas na época, estarei mentindo. Mas, para encarar o desafio, nunca parei de investir em educação, tanto em termos acadêmicos, como em termos de desenvolvimento profissional. Fora os cursos acadêmicos tradicionais (graduação, MBA e Mestrado), realizei diversos cursos extracurriculares, como oratória, idiomas, vendas, marketing, e o próprio EMPRETEC, do Sebrae.

Tradicionalmente, as pessoas que optam por empreender – e que, paralelamente, investem em sua educação – buscam cursos práticos, que permitam uma aplicação quase imediata dos conhecimentos adquiridos em seus próprios negócios.

Pela natureza do negócio que estava montando, a necessidade de um background acadêmico sólido era – e é – um verdadeiro fator crítico para o sucesso. Por isso mantenho sempre um pé na academia e outro no mercado. Isso facilita a transição entre um e outro.

Hoje me sinto mais seguro que há 10 anos, mas não me dou por satisfeito. Lynda Applegate, professora de empreendedorismo da Harvard Business School, costuma dizer que empreendedorismo[bb] é uma jornada, e não um destino. De fato, é uma jornada que não termina nunca. Estamos sempre aprendendo algo novo – e esse aprendizado contínuo é a tônica de qualquer empreendedor de sucesso.

Atualmente, mantenho um bom ritmo de leitura (em torno de três a quatro livros por mês), participo sempre de eventos nacionais e internacionais sobre administração, marketing, tecnologia e internet, e sempre que posso participo de algum curso nas minhas áreas de interesse.

3. Em algum momento pensou em desistir de sua ideia? Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou em todos esses anos na gestão de sua empresa?

LV: Não, jamais pensei em desistir. O meu objetivo ao criar o Administradores.com.br nunca foi o de ganhar dinheiro. Acredito que, quando alguém se propõe a criar um negócio apenas para ganhar dinheiro[bb], algo se perde no caminho. Eu queria construir um site que fosse útil às pessoas, que servisse como fonte de conhecimentos na área de Administração e que fosse um ponto de encontro para pessoas como eu, apaixonadas por isso. Se minha motivação fosse meramente mercantil, certamente teria desistido cedo, pois realmente é muito difícil gerar negócios com um site novo, desconhecido.

A época mais difícil que enfrentei foi quando decidi fazer meu mestrado, pois tive que conciliar as atividades do site com o curso que era bastante puxado – para você ter uma ideia, minha carga de leitura era em torno de 600 páginas por semana!. Logo, comecei também a dar aulas, e aí o bicho pegou de vez.

O Administradores.com.br operava no modelo home office. Minha esposa me ajudava com os e-mails e eu gerenciava o conteúdo e tentava fechar negócios. Foi difícil. Dormi muito pouco nessa época (risos).

4. O Administradores.com.br foi idealizado por você em 2000, quando ainda cursava a graduação em Administração. Mas, só foi ao ar oficialmente em 2004. Acredita que todo esse tempo de planejamento e de maturação da ideia implicou positivamente em seu sucesso? Percebeu algum ponto negativo em ter esperado quatro anos para colocar o site no ar? Qual a importância do Networking na evolução do seu site?

LV: Como todo empreendedor iniciante, cometi uma penca de erros no começo. O maior deles foi a escolha errada dos parceiros de desenvolvimento. O projeto era bastante complexo para as tecnologias e competências que as empresas que desenvolviam sites dominavam na época. Acreditei, inicialmente, em uma empresa de alguns amigos. Fiz essa escolha pela amizade, mas os caras eram muito fracos.

Perdi dinheiro, os amigos, mas não as esperanças. A primeira versão do Administradores.com.br só foi ao ar em 2004, praticamente quatro anos depois da ideia inicial – e só foi possível porque abri mão de muitos recursos planejados inicialmente. A nova versão do site, que irá ao ar em novembro, será a mais próxima do projeto original.

Não sou adepto desse exercício “e se…”, pois o considero extremamente infrutífero. Entretanto, se tivesse entrado no negócio quatro anos antes, sem dúvidas, teríamos algo maior nas mãos, tendo em vista que crescemos mais de 100% ao ano em termos de audiência. Porém, não sei como isso impactaria nas escolhas que fiz posteriormente, ou até mesmo em meu perfil profissional.

5. Além de editor do Administradores.com.br e articulista da Revista Brasileira de Administração, editada pelo CFA (Conselho Federal de Administração), você também já foi professor de Administração de grandes universidades. Com tamanha proximidade dos assuntos que envolvem a gestão de empresas, fica o questionamento: qual a sua opinião em relação à gestão de empreendimentos no Brasil, em que a maioria das falências ocorre por causa da falta de experiência em gestão e do descontrole financeiro?

LV: Um dia desses, li uma frase do Eduardo Gianetti que resume bem o quadro: “Se Bill Gates tivesse nascido no Brasil e começado seu negócio numa garagem, provavelmente estaria vendendo CDs piratas”. Ironias à parte, não é fácil empreender no Brasil. O fato é que perdemos muito da nossa capacidade empreendedora por não darmos as ferramentas e os estímulos adequados à população. Quando você coloca que a maior parte das falências ocorre por má gestão organizacional e financeira, está corretíssimo.

Mas isso é apenas parte, e não a raiz do problema. Apesar de ser uma das economias mais fortes do mundo, o Brasil é, contraditoriamente, um dos piores países para se fazer negócios (vide ranking do estudo www.doingbusiness.org, do Banco Mundial). Muito do que se denomina empreendedorismo no Brasil é uma resposta à necessidade de sobreviver. Quase como regra geral, não são os mais preparados que empreendem no Brasil. São justamente aqueles que mais precisam, que não enxergam além de outra alternativa a não ser iniciar um negócio próprio para sobreviver.

Proponho um exercício simples a você e aos leitores: onde estão hoje os seus colegas de escola que eram considerados os mais inteligentes? Provavelmente, estão formados em Direito ou Medicina, boa parte deles ocupando um cargo público – ou ainda tentando passar em algum concurso. É um desperdício de talentos. Quantos Bill Gates não estamos perdendo nesse jogo?

6. Por fim, devido a sua grande experiência em Administração e pelo sucesso de seu site na Internet, gostaria de pedir para você deixar algumas dicas de gestão para os nossos leitores e sobre como eles podem, através da Internet e das redes sociais, alavancar algum projeto ou empresa.

LV: A internet é um terreno repleto de oportunidades. Tenho me surpreendido cada vez mais como muitos empreendedores digitais têm tirado proveito disso. Alguns movimentos beiram a genialidade, como o lançamento do Kindle (já comprei o meu!) e a venda de livros digitais na Amazon – orquestrado pelo Jeff Bezzos -, o sistema de venda de publicidade do Google ou, para citar alguns exemplos nacionais, o ambiente criativo e colaborativo da Camiseteria, muito bem conduzido pelo Fábio Seixas, o conceito de negócios do Brandsclub e a expansão frenética do Buscapé.

Acredito que a dica mais importante eu tenha dado em uma das respostas anteriores: quando for montar um negócio na internet, não tenha como objetivo principal ganhar dinheiro. É importante que você consiga visualizar de que forma você poderá ganhar com o seu site, mas você deve ter em mente que isso será apenas uma consequência de um trabalho consistente, relevante, bem feito e, sobretudo, apaixonado.

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Não deixe de comentar. Vamos, através dessa discussão, analisar a atual situação do empreendedorismo no país e como temos nos comportado diante das oportunidades que surgem, e que fazemos surgir em nossas vidas. Até a próxima. Aguardo o seu comentário. Um forte abraço e muito obrigado.

Crédito da foto: divulgação.

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