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Como fazer controle financeiro que funciona

by Conrado Navarro
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Fazer controle financeiro que funciona é um dos pedidos mais frequentes que recebo quando tenho oportunidade conversar por alguns minutos sobre finanças pessoais com qualquer pessoa.

Como fazer um controle financeiro que funciona? A pergunta é interessante porque o “funciona” presente ali pressupõe que você já tentou vários métodos, ferramentas e alternativas diferentes e não obteve “sucesso”. Certo?

Mas, pensando bem, qual seria o resultado esperado para fazer controle financeiro que funcione? Ficar rico? Rico quanto? Livrar-se das dívidas? Pagar uma dívida em específico? Juntar dinheiro para um objetivo? O sucesso, neste caso, não é tão simples e objetivo.

O “que funciona” é uma espécie de frustração por objetivos e metas não alcançadas, mas fazer controle financeiro não é só uma ferramenta para atingir um marco, senão também uma forma de se manter no caminho mais favorável para que boas coisas aconteçam.

O que quero dizer com isso é que o resultado de fazer um controle financeiro que funcione não será imediato, e talvez nem tão mensurável assim. Sua utilidade vai além da conquista de um sonho, porque seu objetivo também é oferecer subsídios para decisões melhores no cotidiano (aquelas mais simples mesmo).

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Como fazer controle financeiro: comece com a verdade

Preciso ser mais direto e honesto (e isso vai ser bom para nossa conversa): o inimigo número um da tarefa de fazer um controle financeiro que funciona é você mesmo. Primeiro porque é importante saber de fato com que números está lidando no dia a dia.

Seu planejamento considera o valor bruto ou líquido do salário? Pode parecer uma pergunta óbvia, mas percebo no dia a dia que muitas pessoas se ancoram no valor registrado em carteira e o utilizam como referência para as despesas do mês. E os descontos? O dinheiro disponível de fato é menor.

Comece com a verdade. Fazer controle financeiro pressupõe lidar com os números reais, bem como com os fatos de sua vida. Você só saberá se está exagerando com algum tipo de despesa se começar a medir isso – logo, registrar tudo que você ganha e gasta sempre será essencial (e o primeiro passo).

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Como fazer controle financeiro: prefira o simples

App, planilha, caderno, agenda, como fazer um controle financeiro que funcione e seja simples de atualizar e atualizar? A pergunta vai ficando cada vez mais complexa, e sempre dá para deixá-la mais complicada. Vamos deixar isso de lado e focar no simples: receitas, despesas, mês a mês, categorias bem definidas, atualização diária.

  • Receitas: registre seus ganhos líquidos para o mês, separando-os em categorias (salário, hora extra, aluguel etc.);
  • Despesas: registre suas despesas do orçamento familiar de forma organizada e associada a categorias cujos nomes sejam significativos para você. “Outros” e “Diversos” não são um exemplo disso;
  • Mês a mês: no seu controle, registre as receitas e despesas para o mês corrente e depois separe os próximos meses (outra folha, outra coluna e por aí vai);
  • Categorias bem definidas: os nomes das categorias precisam ser realmente claros e devem evocar em você o que de fato aconteceu com o dinheiro. Se você gastou com seus animais de estimação, a categoria precisa se chamar “Animais de Estimação” e não “Gastos gerais”, por exemplo;
  • Atualização diária: no início, precisamos evitar distrações para não perder a motivação, por isso é fundamental que você determine um momento do dia para anotar as despesas e colocar o controle em dia. Aos poucos, isso vira um hábito e passar um dia sem atualização não o colocará em risco.

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Como fazer controle financeiro: não basta registrar direito

A esta altura você pode estar pensando: “Hum, certo, mas voltamos ao ponto em que eu me sinto frustrado(a) por não ver sentido no controle financeiro. Registro tudo, mas as coisas não mudam”. Bingo. Frustração porque o controle financeiro não funciona. De novo, eu entendo o que você quer dizer.

Meu contraponto: o padrão de vida não é algo definido pelo quanto se ganha, mas pela paciência necessária para comprar bem, disciplina para juntar antes de comprar e estilo de vida compatível com a própria realidade financeira.

Paciência

O normal é ficarmos desesperados quando uma liquidação incrível aparece – está ai a Black Friday que não me deixa mentir. Via de regra, eu quase nunca compro em datas comerciais e a razão para isso é simples: o preço é importante, mas comprar bem é muito mais.

Ora, mas comprar bem não é pagar barato? Sim, claro, mas isso não significa pagar o mais barato possível. Comprar bem é comprar quando você pode comprar, negociando muito bem o preço final, e isso não tem nada a ver com liquidação.

Crises, por exemplo, são as verdadeiras oportunidades para quem tem paciência e planejamento. Quem tem caixa e reserva, consegue aproveitar momentos de escassez para fazerem ofertas interessantes e comprar praticamente qualquer coisa a preços interessantes.

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Disciplina

Um mês de controle financeiro não vai mudar muita coisa, e essa realidade não dá para mudar com palavras ou exemplos inventados. Não vai. Seis meses de controle financeiro bem feito vão oferecer uma dimensão melhor de quem você é quando se trata de dinheiro. Fato.

Um ano. Dois. Cinco. Dez. A vida toda. A diferença não está em juntar mais hoje ou amanhã, mas em repetir o bom hábito para que o resultado apareça cada vez mais, com maior intensidade, e quem sabe cada vez mais cedo. No entanto, não há garantia de que isso vá acontecer desse jeito.

A disciplina é um exercício diário de repetição. Rotina. Hábito. Você precisa fazer mesmo que não veja resultado imediato. E mesmo que não veja um enorme resultado no médio e longo prazo. A ideia é: se não fizer, com certeza vai ser pior. Pense na sua saúde e vai compreender bem isso. O mesmo vale para o seu bolso.

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Estilo de vida

Paciência ajuda, mas não resolve. Disciplina é importante, mas não é tudo. Para que seja possível sustentar uma vida mais organizada e planejada, você precisa adotar um estilo de vida compatível com essa expectativa.

Seus amigos saem todo fim de semana e você sabe que todos eles (ou a maioria) vivem endividados, não conseguem acumular patrimônio e acham bobagem “essa coisa de controle financeiro e deixar pra depois”. Você pode não pensar a mesma coisa, mas se não faz nada a respeito então é como eles. Vive o mesmo estilo de vida.

Calma, não é para deixar os amigos para lá. O lance é você e o que você faz com o seu tempo, dinheiro e energia. Vai sair com eles, sim. Claro. Sempre? Definitivamente não. Seu estilo de vida deve refletir suas prioridades. Na verdade, suas prioridades moldam seu estilo de vida. Releia algumas vezes essa última frase.

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Conclusão

Fazer um controle financeiro que funciona não é uma tarefa, mas uma escolha. O ato de registrar e controlar você resolve com uma ferramenta, é verdade, mas o “que funciona” é subjetivo e precisa estar alinhado com sua realidade financeira, suas expectativas e seu padrão de vida.

Comece fazendo, sem esperar demais da sua planilha ou anotações. Prefira enxergar ali padrões de consumo, como algumas decisões do dia a dia têm feito seu dinheiro “evaporar” e procure juntar algum dinheiro assim que o salário cair. Faça as coisas mais óbvias sem ficar se cobrando tanto.

Em algum tempo, você vai conseguir fazer uma leitura mais fiel sobre seu estilo de vida, bem como avaliar se seu padrão de vida está de acordo com suas receitas. Repita o processo, sendo cada vez mais crítico com suas decisões, mas ao mesmo tempo comemorando as mudanças positivas de atitude.

O benefício de fazer controle financeiro é muito maior que ter mais dinheiro disponível para gastar; é também respeitar o dinheiro como parte inseparável de uma vida bem vivida, podendo contar com ele para coisas boas e experiências positivas. Isso já é muita coisa.

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