Márcio comenta: “Navarro, parece que estamos presenciando os fantasmas da inflação novamente em nossa economia, não é? O Copom decidiu aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual ontem, saindo de 11,25% para 11,75% ao ano. Aprendi com você que essa taxa direciona a rentabilidade dos fundos de renda fixa. Fica a dúvida: será a hora de investir novamente nos fundos de renda fixa? A Selic deve continuar subindo? Obrigado.”
Viajando um pouquinho ao passado, 2007 foi um péssimo ano para a renda fixa. Com rentabilidade bruta média de 12,3%, apresentou o pior retorno em mais de 10 anos. Você sabia que a captação líquida dos fundos de renda fixa foi negativa (menos R$ 7,46 bi) no ano passado? A mesma coisa aconteceu com os fundos DI, que apresentaram captação negativa em R$ 16,33 bi.
Captação negativa? Como assim?
Com a Selic despencando de um patamar de vinte e tantos por cento, há pouco mais de cinco anos, para os valores atuais, muitos investidores fugiram dos fundos de renda fixa e decidiram arriscar mais. Captação negativa significa gente fugindo para algo mais interessante. O número de investidores no mercado de ações e a participação em fundos mistos cresceram de forma intensa. Um movimento natural.
Será, então, a hora de voltar para a renda fixa?
Boa pergunta! Há uma expectativa de que a taxa Selic, um marco para os produtos de renda fixa, feche o ano com valor próximo a 12,75%. Assim, também fica delineada a possibilidade de encontrarmos rendimento bruto de cerca de 12% em alguns fundos DI e de renda fixa. Esse interesse já fez com que determinados fundos captassem cerca de R$ 4 bilhões nos últimos 30 dias, segundo dados da Anbid.
Com a Bolsa apresentando tanta volatilidade, é importante considerar a renda fixa como um porto seguro e ver as taxas de juros crescendo significa o surgimento de chances de melhores rentabilidades neste sentido. O lastro encontrado nos produtos mais conservadores é importante para a pirâmide de investimentos do investidor. Cautela com a decisão, por duas razões:
1) Investir demais nos juros é acreditar que eles permanecerão altos no longo prazo. Vivemos alguns reflexos da crise internacional e forte impacto inflacionário (especialmente nos alimentos). Essa não deve ser a realidade do país durante muito tempo (espero).
2) Entrar e sair de investimentos é uma atitude que pode acabar com sua rentabilidade líquida. Muitos produtos financeiros (fundos, por exemplo) são tributados com IR de 22,5% a 17,5% em aplicações de curto e médio prazo.
Boa hora para uma reavaliação de nossa cesta de aplicações
Se você observa bastante o movimento do mercado e está ligado nessas mudanças de rumo da economia, aproveite este momento para reavaliar seus investimentos e a rentabilidade média de toda sua carteira. Se parte de suas economias destinadas ao curto prazo está rendendo pouco demais em produtos como a caderneta de poupança, vale a pena dar especial atenção aos produtos atrelados à Selic (fundos de renda fixa, CDBs, DI etc).
Veja o caso das ações, onde os saques têm sido maciços. Nos últimos 30 dias, os investidores retiraram mais de R$ 15 bi desta modalidade, buscando alternativas mais seguras. Reflexos da crise, podemos concluir. Ainda assim, é grande a expectativa pelo 6º ano consecutivo de alta na Bovespa. Será? Acredito que sim!
O que eu vou fazer?
Mantenho parte do meu dinheiro aplicado em renda fixa (títulos públicos e CDBs), é verdade, mas não devo aumentar essa fatia só por conta da recente alta da Selic. Decidi, depois de ver esta alternativa de alta dos juros em 2008, manter o olho aberto para os fundos de renda fixa, hoje fora de minha carteira. E você, o que achou da alta da Selic? Ela vai influenciar suas decisões financeiras? Como?
Crédito da foto para Marcio Eugenio.