Por Gustavo Chierighini (@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Caros leitores, desta vez imaginava uma abordagem sobre o mundo corporativo, ironizar seus modismos ou quem sabe ressaltar a importância de uma boa prática, mas confesso que fracassei na tentativa. O tema é vasto, repleto de pautas, mas o texto não saiu.
O PIB de 2012 surpreendeu você?
Por quê? Ora, assim como a grande maioria de vocês, no momento em que escrevia o artigo fui surpreendido pelo anúncio oficial do PIB de 2012: 0,9% de crescimento. Uma delícia para animar a festa, não é mesmo?
Ironia a parte, vale aqui um reconhecimento ao governo e sua equipe por ainda não terem enveredado pela “maluquice bolivariana” de algumas nações latino-americanas, intervindo e influindo nos anúncios dos números oficiais. É bem verdade que isso não deveria motivar elogios, mas diante do contexto, precisamos ser realistas.
A propósito, o que seria um “pibinho” de 0,9%? Um “pibizinho”? Aqui deixo para a imaginação do leitor. Um PIB ínfimo e assustador em 2012 já era esperado.
Onde estão nossos empresários?
No entanto, surpreendo-me menos com nossas estatísticas e índices econômicos em franca depreciação desde que a festa ufanista começou, do que com o silêncio empresarial que grita aos ouvidos de quem tem o mínimo de senso crítico. Este silêncio meu preocupa, de verdade.
Além de propagandear seus feitos e realizações, o que é legítimo e merecido, nosso corajoso e destemido empresariado varonil, salvo algumas poucas exceções, parece se calar diante do abismo evidente que se constrói diante das canetadas governamentais de cada dia, com solavancos quase que semanais.
Isso sem falar em cada nova medida protecionista ou manipulação do câmbio que inutilmente tentam compor os esforços para conter o avanço da inflação.
Em alguns fóruns, ainda persiste o trinômio liderança-inovação-motivação, como se já não estivessem mais do que absorvidos pela cultura corporativa reinante – ou pior, como se não existissem outros assuntos urgentes e emergenciais para tratar.
Nada contra a perfumaria empresarial típica de economias modernas, onde o livre pensamento sempre traz benefícios óbvios e deve fluir livremente. Mas, este silêncio é inquietante e difícil de compreender.
Como se abordar problemas reais e prementes servissem mais para atraí-los do que para estimular a formulação de blocos de pressão com novas e melhores proposições e reivindicações. Algo que, diga-se de passagem, também é muito natural (e essencial) nas economias modernas, que geralmente exportam as melhores e mais inovadoras práticas de gestão.
Sem força empresarial e sem oposição?
O fato é que uma economia moderna não se sustenta sem o contínuo esforço crítico empresarial, assim como uma democracia não se mantém sem um esforço oposicionista que consiga ir além de simples ataques, mas estruturando alternativas concretas e proposições críveis que embalem a evolução do processo.
Com uma oposição que não existe e um empresariado que não protagoniza, observaremos (nós e os gatos no telhado) cada vez mais a degeneração do cenário político-econômico.
Volto a frisar: não há governo ou grupo político que evolua sem opositores competentes. Assim como não há economia que prospere sem empreendedores atuantes.
A resultante deste contexto? O “pibinho”, ou “pibizinho”, como você quiser.
Opa, ja ia me esquecendo: nos últimos dias perdemos a 6ª posição na economia mundial e voltamos para o 7º lugar. Havíamos ultrapassado o Reino Unido em 2011, que agora voltam ao patamar original mesmo enfrentando forte recessão. Tentaremos de novo em 2015, dizem os especialistas.
O negócio agora é lutarmos para manter a 7ª posição – e, por favor, evitemos as festinhas e trombetas se ao final de 2013 atingirmos o crescimento projetado de 3%. Até o próximo.
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