Ricardo diz: “Navarro, reparei que a economia, o mercado acionário e algumas leituras especializadas entraram no dia-a-dia do Dinheirama. Acho muito legal que o leque de leitura seja expandido, mas gostaria de vê-lo falando mais sobre educação financeira. Aliás, acabo de notar que há algumas semanas você retomou o ritmo de respostas aos leitores e é disso que estou falando. Vamos lá, minha dúvida é simples: quais são as opções de aposentadoria em nosso país? O que as diferencia? Pensando em um futuro mais tranquilo, com mais dinheiro, quais as suas considerações? Obrigado”.
Ricardo, você tem razão. O Dinheirama atraiu também muitos leitores interessados em aprofundar-se em aspectos mais específicos da ciranda financeira e procuramos atendê-los com o mesmo dinamismo e intensidade. Claro, sem esquecer do propósito fundamental de educar financeiramente grande parcela de leitores, razão pela qual retomo com grande entusiasmo o modelo de perguntas e respostas que marcou o início do blog. Deixe-me tentar ajudá-lo. Aposentar-se requer planejamento, conhecimento das alternativas de mercado disponíveis e uma grande parcela de disciplina.
Um ponto de partida
Diversos consultores e especialistas afirmam que, para ter 70% do seu salário na aposentadoria, você precisará:
- Poupar, por mês, 10% de sua renda, se começar a investir aos 30 anos;
- Poupar, por mês, 20% de sua renda, se começar a investir aos 40 anos;
- Poupar, por mês, 50% de sua renda, se começar a investir aos 50 anos;
- Poupar, por mês, 85% de sua renda, se começar a investir aos 55 anos.
Os números impressionam um pouco, é verdade. O objetivo é simples: garantir um mínimo de receita que permita-lhe desfrutar tranquilo de sua aposentadoria, lembrando, por exemplo, que os gastos com saúde se elevarão em até 50%. Claro, se levarmos em conta a crescente expectativa de vida e sua opção por permanecer trabalhando mesmo depois dos 60 anos, os cálculos mudam bastante. Não importa, os fatores primordiais para garantir uma boa aposentadoria ainda são consciência e disciplina.
Questões fundamentais
Até aqui sabemos que você quer se aposentar com uma receita capaz de sustentá-lo, certo? Mas, afinal, qual é essa receita? De quanto estamos falando? Quando pretende começar a usá-la? Logo, percebe-se que o fator principal enquanto apenas pensamos na aposentadoria é definir o período de aplicações e qual a receita que queremos ter ao chegar ao final do período de contribuição. De forma a facilitar este cálculo, criei um simulador simples que traduz seus desejos futuros em uma parcela a ser poupada mensalmente. Faça o download da planilha e comece a pensar nisso imediatamente.
Alternativas para aposentadoria no Brasil
Por aqui existem, basicamente, três tipos de aposentadoria:
Aposentadoria de servidor público: aos integrantes do serviço público contratados até 2003, é oferecido o pagamento da aposentadoria integral. Aos demais servidores, criou-se o regime proporcional de aposentadoria. O portal Vem Concursos esclarece que:
“Após a promulgação da Emenda Constituição nº. 41, de 31 de dezembro de 2003, contribuirá para regime próprio com base na totalidade de sua remuneração, a qual servirá de base de cálculo para sua futura aposentadoria sendo que a sua aposentadoria será estabelecida através de uma média das contribuições vertidas para o sistema previdenciário”
O regime proporcional pode ou não ser limitado ao valor máximo pago pelo Regime Geral de Previdência Social. Os detalhes podem ser encontrados no artigo sobre previdência do servidor público do portal Vem Concursos.
Aposentadoria através do INSS: aqui, o contribuinte individual deve recolher à Previdência Social uma alíquota de 20% do salário recebido no mês. Para prestação de serviços a alíquota deve ser de 11%, repassada pela empresa empregadora ao INSS. É importante ressaltar que devem ser respeitados o piso (R$ 380,00 – um salário mínimo) e o teto salarial (R$ 2.894,28) da Previdência Social. Confira mais detalhes sobre a contribuição acessando o site da Previdência Social.
Aposentadoria através de previdência complementar: alternativa que vem recebendo cada vez mais adeptos, a previdência complementar é composta de fundos privados geridos por bancos, instituições financeiras ou grupos de funcionários de uma empresa (fundos de pensão). Aqui estão os exemplos mais conhecidos, PBGL e VGBL, cada vez mais sofisticados e com melhor rentabilidade. A adesão a um desses planos é essencial para garantir maior renda no futuro, para você e para o seu país, conforme nos explica uma reportagem do site Com Ciência:
“A previdência privada tem uma função econômica importante, de amplos reflexos na estruturação da sociedade nacional. Os ativos das entidades abertas são importantes mecanismos de formação de poupança interna. Os fundos de pensão privada são os maiores investidores institucionais do Brasil, com aplicações em títulos públicos e ações de companhias”
A aposentadoria complementar também compreende os esforços pessoais para a multiplicação de patrimônio. Os mais disciplinados aproveitam a liberdade para determinar as melhores aplicações para o seu dinheiro, com a certeza que o montante poupado e investido mensalmente fará a diferença lá na frente. Ainda que não haja necessidade de depender de um boleto para garantir a aposentadoria, é sempre importante manter-se em dia com o mercado, de forma a escolher as melhores alternativas disponíveis (renda fixa, títulos, ações, fundos etc). Saber reavaliar também é igualmente importante.
Começar cedo é fundamental
Mostradas as alternativas, é hora de resumir o fator de sucesso de uma aposentadoria tranquila: começar cedo! Quanto mais cedo você pensar em sua aposentadoria, no prazo de contribuição e nas alternativas disponíveis para o seu perfil, melhor se adequará aos produtos oferecidos e ao prazo estabelecido. Além disso, o valor da contribuição tende a ser muito menor quando os planos de aposentadoria são levados em consideração ainda perto dos 20 ou 30 anos. O que você está esperando?
Crédito da foto para Marcio Eugenio.