Se ficamos doentes, a primeira tentativa é, quase sempre, a auto-medicação. O médico só é procurado se ela não surtir efeito. Ainda assim, relutamos em concordar com o diagnóstico e, na maioria das vezes, procuramos outro médico. O ser humano é assim, tão dono de si que nada pode ser pior que perder o auto-controle. E se o problema não fosse de saúde, mas de dinheiro? “Opa, o dinheiro é meu e eu faço dele o que bem entender”. A auto-medicação nestes casos pode ser desastrosa e perigosa.
Por que não procurar ajuda? Se o problema persiste, como no exemplo médico anterior, por que razão insistimos em comprometer cada vez mais nossa saúde financeira e nosso fluxo de caixa? Já me responderam: “É a vergonha Navarro. Você não sabe o que é gastar mais do ganha e se ver culpado por isso todo final de mês”. Vergonha? Então sugerem que eu tenha dó? Você, dono do dinheiro, não tem absolutamente nada de vítima nesta situação. E tem que admitir que precisa de ajuda. “Mas Navarro, a culpa não é só minha”.
Os planos não se concretizam, os objetivos não se completam, os sonhos ficam cada vez mais distantes e a culpa é sempre “do sistema”, como comumente ouço. Ou o salário é baixo, ou são muitos os impostos, ou são poucos os benefícios, ou os preços ficam cada vez mais altos etc. Ou todos juntos. Mas então, qual a solução para viver seu dia-a-dia de maneira a chegar onde quer, se você não precisa mudar? Talvez mudar de país? Ou admitir que precisa de ajuda, ou pelo menos de disciplina, para organizar-se, viver de acordo com sua realidade e ainda assim poder economizar de modo a criar “gordura” para os tempos difíceis e para um futuro melhor?
A responsabilidade pelo que você é, vai ser, ter ou conquistar, é sua. O meio pode (e deve) influenciar mas a decisão final é só sua. Poupar, investir, pedir dinheiro emprestado, financiar, usar cheque especial, pagar à vista e diversas outras atitudes podem ser a diferença em admitir, para si mesmo, que sua saúde financeira precisa, ou não, de ajuda. E que pra ela ser diagnosticada, você precisará abrir mão do papel de vítima e passar a se considerar um agente. Acredite, há quem prefere continuar vítima. E ai, a culpa é minha? Do sistema? De quem?