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Casas Bahia pede recuperação extrajudicial: o que esperar das ações?

A XP vê o anúncio como um passo importante em direção à reestruturação da Casas Bahia, uma vez que reduz o peso da dívida nos próximos 3 anos

por Gustavo Kahil
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A Casas Bahia (BHIA3) anunciou neste domingo (28) à noite um pedido de recuperação extrajudicial (RE) e o reperfilamento de sua dívida de R$ 4,1 bilhões, com um plano já aprovado pelos principais credores da empresa, Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), que representam 55% do valor devido, acima do limite mínimo de 50%.

“Era evidente que precisávamos realizar os ajustes na estratégia e executar as iniciativas operacionais e assim poder pleitear alterações relevantes na estrutura de capital”, disse Renato Franklin, CEO da Casas Bahia, em uma carta aos acionistas (veja abaixo).

E agora. O que fazer com as ações? A queda dos papeis chega a 38% nos últimos três meses, contra 1,3% do Ibovespa (IBOV).

“Vemos o anúncio como um passo importante e positivo em direção à reestruturação da Casas Bahia, uma vez que reduz fortemente o peso da dívida nos próximos 3 anos, deixando a empresa em uma posição mais confortável para executar outros ajustes operacionais e ajustar sua estrutura de capital”, explicam os analistas da XP Investimentos em um relatório divulgado neste domingo.

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No decorrer de 2023, sob a nova liderança iniciada em agosto, a Casas Bahia empreendeu um significativo plano de redução de custos que incluiu o fechamento de 49 lojas e a desativação de 10 centros de distribuição. Essas ações visavam uma estrutura mais enxuta e eficiente, focada na rentabilidade e na geração de caixa.

O time de analistas de varejo da XP, liderado por Danniela Eiger, observa ainda que há riscos que valem ser ressaltados, principalmente na diluição ligada a conversão das dívidas em ação e na reação dos consumidores.

Detalhes da proposta de reestruturação

Fonte: Casas Bahia

Diluição das ações

A proposta da Casas Bahia introduz uma possibilidade de desalavancagem da companhia por meio da conversão de parcela do crédito em ações.

Os credores terão a opção de converter a dívida em ações trimestralmente nos 18 a 36 meses seguintes à aprovação do plano.

Nos cálculos da XP, a diluição dos atuais acionistas pode chegar a até aproximadamente 83%, assumindo os preços atuais e nenhum comprometimento dos atuais acionistas. Não foi aplicado qualquer haircut – corte no valor do principal – à dívida.

Impacto nos consumidores

A XP observa ainda que há um potencial impacto na demanda, principalmente online, a depender da percepção dos consumidores a partir das notícias sobre o plano.

Neste caso, a Magazine Luiza (MGLU3) seria a mais beneficiada na frente de lojas físicas, embora com o macro ainda sendo um obstáculo, e o Mercado Livre (MELI34) no canal online.

A recomendação para as ações foi mantida em neutra pela XP.

Renato Franklin, CEO da Casas Bahia
Renato Franklin, CEO da Casas Bahia (Imagem: LinkedIn/ Casas Bahia)

Carta do CEO da Casas Bahia, Renato Franklin

No dia de hoje, tenho a satisfação de apresentar um reperfilamento de dívida que endereça de forma substancial a estrutura de capital e fluxo de caixa da Companhia para os próximos anos. Desde a minha chegada em maio de 2023, tínhamos um objetivo claro de equacionar a estrutura de capital e perfil do endividamento dado um cenário macroeconômico desafiador, com elevadas taxas de juros. Por isso, dentro do nosso Plano de Transformação anunciado em agosto do mesmo ano, a alavanca de estrutura de capital sempre foi uma prioridade.

Também era evidente que precisávamos realizar os ajustes na estratégia e executar as iniciativas operacionais e assim poder pleitear alterações relevantes na estrutura de capital. A execução do plano de transformação como um todo está rigorosamente dentro das expectativas, e temos atualizado o mercado nos últimos dois trimestres.

Neste contexto, com o suporte e confiança dos nossos credores, reestruturamos nossas dívidas financeiras no formato que permitirá à Companhia atender as suas obrigações de forma segura e sustentável.

Importante salientar alguns pontos fundamentais desta estrutura.

• Este reperfilamento proporciona benefícios robustos e imediatos: (a) melhora de R$ 4,3 bilhões no fluxo de caixa dos próximos 4 anos, sendo R$ 1,5 bilhão já em 2024; (b) alongamento do prazo médio da dívida de 22 meses para 72 meses e; (c) redução 1,5 p.p. no custo médio de dívida, totalizando economia de R$ 60 milhões por ano

• Remuneração variando entre de CDI +1,0% a.a e CDI +1,5% a.a.

• Credores terão a oportunidade de converter parte dos créditos em ações, caso desejem

• Ponto muito importante desta estrutura é que se trata de um modelo “prepack”, ou seja, no momento do pedido da Recuperação Extrajudicial (“RE”), já temos a adesão formalizada da maioria dos credores (nossos principais parceiros financeiros) para aprovação. Este modelo garante uma execução de um processo organizado e estruturado

• O escopo desta RE é limitado aos credores financeiros. No restante, temos uma vida normal sem impacto para clientes, colaboradores, fornecedores, sellers e parceiros, que continuarão tendo seus compromissos honrados nos seus respectivos vencimentos, sem qualquer interrupção ou descontinuidade

• Melhora a perspectiva de crédito e traz flexibilidade na relação com fornecedores, seguradoras e futuros credores, além da proteção e segurança do fluxo de caixa contra volatilidades do mercado

• Grupo Casas Bahia reafirma os seus mais elevados padrões éticos e de governança corporativa. Temos um balanço íntegro, aderente as normas contábeis vigentes

• Reconhecendo desafios almejados, contratamos consultores comprometidos com esta reestruturação financeira e o Plano de Transformação, visando fortalecer a confiança e transparência que sempre tivemos com os nossos credores e demais stakeholders

Permanecemos confiantes na valiosa dedicação dos nossos +36.000 colaboradores, fundamental ativo na nossa organização

Como disse na última divulgação, não chegamos à metade da execução do Plano de Transformação e, portanto, continuaremos focados nas alavancas operacionais, melhorando nossa eficiência e produtividade. Manteremos o foco na rentabilidade e fluxo de caixa com elevada disciplina do capital empregado.

À medida que avançamos com a execução do Plano de Transformação, mesmo diante de um cenário macro ainda desafiador, nos preparamos para um ciclo de crescimento sustentável para sermos o melhor varejista especialista de eletroeletrônicos e móveis do Brasil, oferecendo jornada de compra completa, descomplicada e customizada aos nossos clientes, gerando valor aos stakeholders com uma operação eficiente, digital e sustentável.

Estamos otimistas com o futuro, confiantes que estamos no caminho correto e com muita clareza do nosso propósito.

Obrigado a todos,
Renato Franklin

Detalhes da RJ da Casas Bahia

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