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Consultório e profissional liberal: questões de ordem prática para iniciar suas atividades

by Valéria Meirelles
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Olá leitor! A partir deste artigo escreverei sobre as questões de ordem prática de nossa clínica, aquelas que vão desde o planejamento financeiro antes de iniciar o consultório até as que dizem respeito à localização e divulgação do trabalho, preços de consultas, negociações e etc.

Antes de mais nada, ao pensar em se tornar um profissional liberal ou pelo menos ter uma atividade cuja entrada de renda seja inconstante, sugiro retomar alguns aspectos do artigo anterior, revendo suas crenças a respeito do dinheiro e da importância da educação financeira na vida de cada um.

Também cabe aqui a pergunta: por que (e para que) você quer ter seu consultório particular, seja ele de Psicologia, Fisioterapia, Odontologia, Medicina, Fonoaudiologia, entre outras?

Pergunto isto porque ter seu consultório particular, ser profissional liberal, demanda empreender “mais de perto” a própria carreira e correr todos os riscos inerentes a ela (carreira autônoma).

Você precisa gostar de desafios e não ter perfil de pessoa acomodada, pois cada dia é único em sua prática e não há como minimamente “descansar”. Você sempre terá que colocar muita energia no que estiver fazendo, buscando novidades e se atualizando.

Um dos maiores desafios, no meu ponto de vista, envolve não ter a mesma entrada financeira, aquela que fará com que você pague suas contas e ainda tenha dinheiro para investir e realizar seus projetos de vida.

Isto porque o fluxo de caixa de um profissional liberal raramente é o mesmo mês a mês, principalmente em períodos que envolvem férias. Nelas, as entradas financeiras ficam muito reduzidas, mas as contas continuam; alguns meses, como janeiro, até aumentam com IPVA e material escolar, por exemplo.

Leitura recomendadaComo ficar em dia com as contas a pagar e receber?

Por isto mesmo, novamente escrevo: é importante planejamento financeiro e, claro, ter o perfil para saber lidar com oscilações financeiras sem perder o sono.

Se você é aquela pessoa que precisa muito de segurança, talvez seja o caso ou de repensar a escolha pela clínica ou aumentar a reserva financeira até atingir o número mínimo de clientes que lhe trarão retorno financeiro. Ou então, ter também um trabalho com salário fixo, de maneira que seu consultório complemente sua renda.

Optando por viver exclusivamente do consultório, o útil a fazer é: planejamento da montagem do mesmo (sublocar, alugar ou comprar), saber administrar fluxo de caixa e… educação financeira, sempre ela!

Vou por partes: ao pensar em ser um profissional liberal, antes de mais nada pergunte-se as razões que o levou a isto. Depois, monte um plano de ação. Sim, um bom plano que o ajude a colocar em prática o que deseja.

Primeira pergunta para isto: você já trabalha como profissional empregado, com uma entrada fixa de dinheiro ou acabou de se formar ou ficou afastado da profissão e quer retomar, via consultório?

Para começar a atuar no consultório, sugiro um levantamento de todas suas despesas no período de um ano. Sim, um ano, pelo menos. Anote tudo, veja quais as fixas, as variáveis, o que pode e o que deve ser cortado.

Pois então, você precisará ter uma renda em seu consultório pelo menos do valor que aferiu acima e, claro, isto não se consegue da noite para o dia.

Então, para começar com calma, sem ficar nervoso porque, por exemplo, está com o consultório montado há três meses e entraram poucos clientes, tenha guardado o valor referente às despesas de um ano, conforme escrevi acima e novamente reforço aqui.

Ferramenta recomendada: Controle de finanças pessoais

Tenha em mente que se quer trabalhar com dor humana, você precisa estar bem consigo mesmo, inclusive financeiramente. Neste sentido, ter preocupações financeiras não é bom. Explico.

Ao estar muito preocupado em pagar as despesas de manutenção (aluguel, condomínio e IPTU da sala, mais a secretária e outras contas), corre-se o risco de não “ouvir bem” seu cliente, de não estar “inteiro” com ele, criando um viés, uma distorção na percepção do que ele está lhe contando.

Você também pode acabar aceitando clientes que não são da sua real especialidade ou com os quais não teve empatia porque “precisa muito trabalhar e mais ainda do dinheiro”. Tal decisão acaba se revelando, a médio e longo prazo, pouco produtiva, comprometendo a qualidade de seu trabalho e a saúde de seu cliente, seja física ou mentalmente (e também a sua, e sobre isto escreverei mais adiante).

Não tem jeito! É o que aprendi em Coaching: escolhas alinhadas com nossos valores representam grandes chances de sucesso; escolhas alinhadas com nossas necessidades miram grandes chances de fracasso. Simples e fundamental assim.

Entendeu, leitor, a razão pela qual sugiro calma e planejamento ao optar por ser um profissional liberal? E isto vale para quem tem emprego fixo e quer migrar para consultório e ter os dois trabalhos ou ficar só em consultório ou para quem não tem um emprego fixo e quer ter seu consultório.

Porque em ambas as situações, é a reserva de dinheiro que permitirá que você monte seu consultório como se deve. Por exemplo, em relação aos aspectos administrativos, você precisa ter:

  • Registro em sua categoria de classe (Conselhos Regional e Federal, no meu caso, de Psicologia);
  • Registro como profissional autônomo na prefeitura de sua cidade (terá que pagar taxas, por exemplo TFE – Taxa de Fiscalização de Estabelecimento; ISS- Imposto sobre Serviço);
  • Registro na Previdência Social (pagar INSS ou GPS), caso não o faça.

E tudo isto apenas para começar, e que envolve… dinheiro! Há pessoas que optam por abrir uma microempresa, trabalhar como pessoa jurídica em vez de pessoa física, por conta da diferença na porcentagem do pagamento de impostos.

Sugiro fazer tudo conforme a lei, embora eu conheça muitos colegas que trabalhem na informalidade. Dar recibos, declarar sua renda faz parte da profissionalização de nossa prática.

Não trabalhe sem registros, emita recibos ou notas fiscais. Além de ser o correto, evitará problemas futuros com a Receita Federal e a sua declaração de Imposto de Renda. Para tanto, minha orientação é: procure informações seguras e um bom contador para ver qual situação é mais adequada/útil ao seu caso.

Feita esta parte importante, creio que estará preparado para os próximos passos, que envolverão escolha do local onde será seu consultório e a divulgação de seu trabalho. Este será o tema de meu próximo artigo. Até lá e um abraço.

Leitura recomendadaA Psicologia e os desafios de envolver o dinheiro em sua prática

Foto “waiting room”, Shutterstock.

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