O dólar (USDBRL) passou a rondar a estabilidade frente ao real nesta quinta-feira, depois que novos dados de inflação, varejo e do mercado de trabalho dos Estados Unidos pintaram um quadro misto que não alterou as apostas sobre o início do ciclo de afrouxamento monetário do Federal Reserve.
Às 10h30 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,03%, a 4,9760 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,06%, a 4,9715 reais na venda.
O índice de preços ao produtor para a demanda final dos EUA subiu 0,6% no mês passado, depois de avançar 0,3% em janeiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria 0,3%.
Por outro lado, uma medida mais restrita do índice de preços ao produtor, que exclui componentes voláteis como alimentos, energia e serviços comerciais, desacelerou a alta para 0,4% em fevereiro, de 0,6% em janeiro.
Além disso, as vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,6% no mês passado, informou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira. Os dados de janeiro foram revisados para baixo, mostrando que as vendas caíram 1,1%, em vez de 0,8% conforme informado anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo aumentariam 0,8% em fevereiro.
“Acho que temos, em ambas as pontas, Brasil e EUA, indicadores que apoiam uma manutenção do diferencial de juros. Embora os dados locais aqui não mudem a percepção da trajetória da Selic, (os dados dos EUA) não suportam também uma manutenção por muito tempo dos juros lá fora pelo Fed”, avaliou Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Na semana que vem, na quarta-feira, tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central do Brasil encerrarão suas respectivas reuniões de política monetária. Lá fora, a expectativa segue sendo de que o Fed manterá sua taxa básica inalterada até um primeiro corte em junho, enquanto, por aqui, é consenso que o BC reduzirá a Selic novamente em 0,50 ponto percentual, a 10,75%.
Quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais o real tende a se beneficiar de estratégias de “carry trade”, em que operadores tomam empréstimos em país de juro baixo e investem esse dinheiro em mercados mais rentáveis.
Assim, quanto mais tempo o Fed demorar para cortar suas taxas, ainda mais num momento de afrouxamento monetário no Brasil, mais o dólar tende a avançar frente à divisa brasileira –de forma que a manutenção das apostas sobre o início do ciclo de flexibilização nos EUA, sem adiamentos, tem sido vista com bons olhos pelo mercado.
Na véspera, a moeda norte-americana negociada no mercado interbancário teve variação negativa de 0,01%, a 4,9745 reais na venda.