O dólar (USDBRL) abriu esta quinta-feira em alta moderada frente ao real, em linha com a firmeza da divisa norte-americana no exterior após falas recentes de autoridades do Federal Reserve, enquanto o mercado digeria os dados de janeiro do IPCA um pouco acima do esperado.
Às 10:17 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,16%, a 4,9761 reais na venda.
Na B3, às 10:17 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a 4,9870 reais.
“Os mercados têm em grande parte… absorvido uma série de advertências dos dirigentes do Fed de que um corte nas taxas não está nos planos, pelo menos, até maio”, disseram economistas da Guide Investimentos em relatório a clientes. “Neste ambiente… o dólar tem manhã levemente positiva, avançando tanto contra seus principais pares como contra a grande maioria das divisas emergentes.”
No exterior, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,21%, a 104,250.
Na véspera, autoridades como a presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins; o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari; e a diretora do Fed Adriana Kugler reforçaram a posição do banco central de que são necessários mais dados para haver certeza sobre a trajetória da inflação e espaço para cortes de juros.
Recentemente, após sinais mais cautelosos dos membros do Fed, incluindo o chair Jerome Powell, e dados de emprego norte-americanos mais fortes do que o esperado, operadores de futuros dos juros dos EUA reduziram as apostas de que o início do afrouxamento monetário seria em março. Isso por sua vez, tem apoiado o dólar globalmente.
No Brasil, dados do IBGE mostraram mais cedo que a inflação no Brasil desacelerou em janeiro, mas ainda ficou acima do esperado e levantou preocupações sobre o preço dos alimentos e o núcleo da inflação de serviços.
“De forma geral, a inflação segue controlada, mas há alguns sinais de alerta; a composição do IPCA teve uma leve piora qualitativa”, disse Gustavo Sung , economista-chefe da Suno Research. “Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões.”
Participantes do mercado têm dito que a perspectiva de manutenção do ritmo de afrouxamento monetário pelo BC, sem espaço para aceleração dos cortes, pode jogar a favor do real, uma vez que, desta forma, a Selic permanecerá em nível restritivo por um bom tempo, apesar da flexibilização.
Juros altos no Brasil tornam o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e investimento desse dinheiro em praças mais rentáveis.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9681 reais na venda, em leve alta de 0,10%.