O dólar (USDBRL) à vista teve mais um dia de alta ante o real nesta segunda-feira, chegando a superar os 5,00 reais durante a sessão, após uma entrevista do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, e dados econômicos norte-americanos elevarem as apostas de que o corte de juros nos EUA não começará em março.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9818 reais na venda, em alta de 0,32%. Em fevereiro, a moeda acumula ganho de 0,88%.
Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,17%, a 4,9925 reais.
O primeiro estímulo à alta global do dólar surgiu no domingo, quando Powell defendeu “prudência” no início do processo de corte de juros pelo Fed.
“A atitude prudente a ser tomada é… dar um tempo e verificar se os dados confirmam que a inflação está caindo para 2% de forma sustentável”, disse Powell em entrevista ao programa “60 minutes”, da rede CBS, gravada na última quinta-feira. “Queremos abordar essa questão com cuidado”, acrescentou.
Em reação, os rendimentos dos títulos norte-americanos registraram ganhos fortes, com os investidores elevando as apostas de que o corte de juros pelo Fed começará em maio, e não em março. No mercado de câmbio, isso se traduziu na alta do dólar ante outras divisas.
O impulso ao dólar no mercado global foi intensificado pela divulgação do PMI de serviços do Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), que aumentou de 50,5 em dezembro para 53,4 em janeiro. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia. Economistas consultados pela Reuters projetavam que o índice subiria para 52,0.
Novamente, os dados reforçaram a visão de que o corte de juros nos EUA não será imediato, o que deu força aos yields dos Treasuries e, em paralelo, ao dólar ante as demais divisas.
“A alta do dólar hoje (segunda-feira) tem muito da entrevista do Powell no domingo, dizendo que acha improvável um corte de juros em março, ratificando o que já havia falado na superquarta”, disse o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, referindo-se à decisão de política monetária do Fed na semana passada, quando o chair da instituição disse que uma redução de taxas em março não é o cenário-base.
“O ISM de serviços veio forte também, mostrando que a economia norte-americana ainda está forte. Então, o Fed tem que tentar conter esta inflação com juros”, acrescentou Rugik.
Neste cenário, o dólar oscilou entre a cotação mínima de 4,9688 reais (+0,05%) às 9h08, no início da sessão, e a máxima de 5,0190 reais (+1,07%) às 12h18, já após os dados do ISM.
Três profissionais afirmaram à Reuters que, com a moeda acima dos 5,00 reais, agentes entraram no mercado para aproveitar as cotações e vender moeda — tanto no segmento à vista quanto no futuro (mais líquido), o que reconduziu as cotações a níveis mais baixos. O movimento no câmbio esteve em sintonia com a perda de força das taxas futuras de juros durante a tarde no Brasil.
No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta ante as demais moedas fortes e avançava ante praticamente todas as divisas de emergentes e exportadores de commodities.
Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,44%, a 104,500.
Na manhã desta segunda-feira, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.