Paulo José comenta: “Navarro, estou iniciando minha carreira como empreendedor, e como você é um empreendedor de sucesso, gostaria que me dissesse, sinceramente: o que é mais importante no perfil de um empreendedor? Existe essa tal característica única mesmo? O que pode me dizer? Obrigado“.
Uma característica essencial em todo empreendedor? Difícil. Há muitas coisas que eu aprendi na minha jornada empreendedora e fica difícil escolher apenas uma, mas vou tentar. Aliás, já tenho algo em mente, que foi escolhido porque tenho sido mal compreendido por alguns amigos que estão iniciando seus próprios negócios (por favor, não fiquem ainda mais “bravos”).
Cuidado com a visão romântica da coisa…
Tenho percebido, com uma certa preocupação, que houve um aumento considerável de ofertas de “fórmulas” para empreender e ganhar dinheiro. A internet tem sido o meio ideal para isso, e com promessas de um grande retorno financeiro em um curto espaço de tempo. Coisas de dar inveja a Walter Mercado (lembra dele?).
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Fico preocupado porque, embora alguns poucos consigam de fato encontrar caminhos bem rápidos para o sucesso de seus negócios, a grande maioria apenas experimenta o gosto amargo das sucessivas derrotas e simplesmente desiste (sem entender que fracassar faz parte e é até mesmo importante).
Assim, o empreendedor iniciante precisa abrir espaço em sua visão demasiadamente romântica (que costuma dominar e ser à prova de falhas) e adotar parâmetros mais realistas, com o devido espaço para erros (muitos erros) e para planos B, C, D (e por aí vai), caso o principal se mostre uma tremenda furada.
Apenas insistir não resolve!
Feitas as observações dos parágrafos anteriores, agora estou pronto para apontar a característica que julgo essencial no perfil de um empreendedor: discernimento, que basicamente é a prática do bom senso a partir de valores, princípios e conhecimentos (experiências) adquiridos ao longo da vida.
Neste sentido, reforço ao empreendedor iniciante algo crucial: nunca confunda insistência com persistência. Em outras palavras, não adianta morrer tentando (insistir), mas tentar mais vezes e de maneiras cada vez mais inteligentes, adaptadas e diferentes (persistir).
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Insistir representa aquela coisa de ficarmos “martelando” a mesma coisa sistematicamente, tentando fazer a solução aparecer com base na teimosia. Quem insiste é quase sempre muito egoísta. Persistir é basicamente perdurar, ser resiliente. O persistente é humilde e sabe que terá que pensar muito além do próprio dia a dia.
Há uma diferença sutil, mas ao mesmo tempo óbvia entre insistir e persistir, mas na prática esta interpretação tem se mostrado difícil. Tenho visto vários colegas adotarem uma postura insistente nos seus negócios, demonstrando paciência e resiliência, mas da forma errada.
De que adianta eu ser firme na condução dos negócios se, vez após vez, são repetidas as mesmas atitudes e maneiras de agir, os mesmos processos e as formas de abordar o cliente, inclusive as que não funcionam? Isso é uma espécie de teimosia desnecessária; insistir é um modo de sobreviver, fazer passar o tempo, e isso está longe de ser empreendedorismo de verdade.
Em tempos olímpicos…
Pense no esporte. Os atletas com os melhores resultados são aqueles que persistem, ou seja, mudam de técnico, de país, de treino, alimentação e muito mais se for realmente preciso. Validar isso tudo também faz sentido, então experimentam em suas carreiras muitas mudanças. Persistência é ver um sentido em tudo isso.
Eu sou maratonista amador e aprendi algo bem importante sobre insistência e persistência neste esporte: quem apenas insiste até consegue realizar uma prova de 5, 10 ou 15 quilômetros. Uma maratona superando limites é algo para quem persiste, pois envolve sacrifícios, muitas mudanças de hábitos, treinos exaustivos e por aí vai.
Quando as coisas não estão saindo conforme o planejado, o certo é persistir, ou seja, não desistir, mas inovar e fazer as coisas de forma diferente das anteriores, testando novos processos, novos fornecedores, novos diálogos com os clientes, novas experiências de atendimento, novas formas de rentabilizar seu negócio e até mesmo novos produtos e serviços dentro de sua área de atuação.
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Um exemplo clássico (e outro nem tanto)
Quem não conhece o famoso Thomas Edison e sua brilhante (literalmente) invenção: a lâmpada. Alguém o questionou sobre ter fracassado ao tentar mais de 10.000 vezes e errar em todas. Ele respondeu que não fracassou, mas que descobriu 10.000 maneiras que funcionaram. Uma pessoa atenta percebe que ele não tentou 10.000 vezes a mesma coisa, mas sim 10.000 diferentes modos. A luz acendeu.
Eu mesmo senti isso na prática quando iniciei o Dinheirama. Ao longo do caminho, testando as formas de rentabilizar meu negócio, acabei mudando pelo menos 4 vezes o modelo de negócios até alcançar aquilo que eu procurava (O famoso “pivotar” que os empreendedores tanto falam).
Em cada mudança, testei abordagens completamente diferentes, até que uma delas deu muito certo e então realizei meu grande sonho de empreender ajudando as pessoas e sendo remunerado por isso. Passados quase 10 anos, já estamos na hora de mais uma mudança, que deve acontecer em 2017. Enquanto isso, muita gente que apenas insistiu já desapareceu ou permanece com pouca relevância.
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Conclusão
Um empreendedor de primeira viagem precisa aprender rápido sobre a importância de cultivar uma mentalidade flexível, que aceita mudança de planos (algumas vezes bem radicais) para colocar à prova uma nova maneira de desenvolver e fazer aumentar o seu negócio.
Albert Einstein bem dizia que fazer as coisas do mesmo jeito e esperar resultados diferentes sempre será um grande erro. E isso vale tanto para seus negócios, como para muitas outras áreas da vida. Pare de insistir tanto e comece a persistir com sabedoria. Depois de muito trabalho, sofrimento e dedicação, você será agraciado(a) com o sabor do sucesso. Um grande abraço e até a próxima!
