Álvaro comenta: “Navarro, preciso de ajuda. Estou desempregado há 4 meses, não consigo emprego de jeito nenhum e não estou sabendo administrar as coisas. Estou ficando cada vez mais tenso e pressionado com as responsabilidades de manter a casa e a família. Preciso de um conselho de gente que tem a cabeça no lugar. Estou rodeado de gente fraca de pensamentos… Desde já, obrigado“.
Crise. Desemprego. Dívidas se acumulando. Desespero. Oportunidade. Recebo muitos e-mails com estas palavras-chave e tento agrupar os anseios comuns para transformá-los em um texto aqui no site. Quem sabe assim conseguimos, juntos, alcançar mais pessoas com problemas similares, não é mesmo?
Pois bem, começo com um recado objetivo. Ao aplicar a educação financeira em sua vida, você precisa, de forma resumida:
- Trabalhar para gerar renda;
- Utilizar uma boa parte desta renda para viver;
- Controlar seus gastos para ter uma visão exata de sua demanda por dinheiro;
- Utilizar uma parte menor de sua renda para poupar;
- Investir o dinheiro poupado para multiplicá-lo;
- Usar esse dinheiro multiplicado para gerar novas fontes de renda e seguir melhorando suas condições de vida;
- Colocar a qualidade de vida como uma prioridade para que todos os passos anteriores façam sentido.
Leitura complementar: Aprenda a construir a sua independência financeira.
O resto são os ajustes neste processo em função das particularidades da sua vida. E são justamente estes ajustes que tratamos das mais variadas formas aqui no site. A “mecânica” da coisa não tem muito segredo, o que precisamos mesmo é ter disciplina para executar e ponto.
Infelizmente, quando não fazemos o dever de casa, problemas surgem e se multiplicam. Correrei o risco de parecer um replicador de clichês, mas o fato é que sempre é tempo de mudar, e nunca é tarde para começar.
Nos momentos de tensão, a mente não funciona muito como desejamos (aliás, ela nos trai com mais frequência): as emoções (normalmente ruins) vão tomando o controle dos pensamentos e temos dificuldades de raciocinar. Já reparou?
Hoje trago três pontos importantes quando enfrentamos situações de desemprego e decorrente desespero por conta desta situação.
1. A demanda por trabalho nunca desaparece
Abra sua mente para novas possibilidades. Tenho visto muitas pessoas que ainda não entenderam a diferença entre emprego e trabalho. Conseguir emprego em tempos de crise, aquele de carteira assinada, é muito difícil. Por outro lado, conseguir trabalho é bem mais fácil.
Trabalho aqui é qualquer atividade que preencha uma demanda existente. E para encontrar essa demanda, você precisa estar atento e observar o ambiente ao seu redor para identificar (ou criar) essa necessidade.
Tenha em mente que as pessoas estão sempre dispostas a pagar por duas coisas: para terem seus problemas resolvidos e para ter um pouco de prazer. Isso acontece porque as duas coisas aliviam as suas “dores” ou seus “sofrimentos”.
Por exemplo, se você está desempregado e uma agência de recolocação te oferece um serviço de consultoria e pesquisa, prometendo que isso vai te ajudar a conseguir um emprego mais rápido porque eles têm muitos contatos com empresas e tal, você logo se anima.
Se eles dizem que isso custará a você R$ 500,00, é bem provável que você pague, pois precisa resolver seu “problema” de desemprego. Se eles vão resolver ou não o seu problema, bem, essa é outra história que não vem ao caso agora (mas aproveitando o ensejo, tenha cuidado com esse tipo de promessa).
Independente de estarmos ou não em tempos de crise, sempre existirão problemas para serem resolvidos e também demanda por prazer, pois as pessoas precisam relaxar, fazer uma “descompressão” e desfrutar da vida. Demore seus pensamentos nisso, pois será daqui que surgirão as boas ideias de negócios deste momento, seja na revenda de produtos ou na prestação de serviços.
Esse vídeo do papo entre o Ricardo Pereira e o Giovanni Coutinho explora também essa questão com um exemplo que está tomando conta das grandes cidades:
Leitura complementar: Disciplina, a solução para enriquecer, emagrecer e viver melhor.
2. Não tenha vergonha de trabalhar
Pode parecer ridículo eu ter que escrever sobre isso, mas acredite, não é tão óbvio quanto parece. Muitas pessoas desempregadas, principalmente aquelas que tinham uma função de “status” sob a ótica do senso comum da sociedade, ficam incomodadas de ter que desempenhar um tipo de trabalho considerado “inferior”, preocupando-se “com o que os outros vão pensar”.
Francamente, não estamos em tempos de discutir esse tipo de besteira. É guerra! Guerra para manter seus compromissos financeiros e a estabilidade da sua família. É hora de lutar, não de bancar o “bonzão” e tentar manter a banca perante os familiares e amigos.
Se você tem um conhecido precisando pintar a casa e você sabe fazer isso, ofereça seu trabalho para ele e coloque o dinheiro no bolso! Se você vê demanda para colocar uma barraca de pastel e caldo de cana na pracinha em frente ao colégio, supermercado, hospital ou outro lugar qualquer de grande movimento, vá lá e faça acontecer!
Fazer e vender comidas, comprar e revender roupas, calçados, brinquedos, também são exemplos válidos. Tem algum conhecimento específico? Ensine as pessoas, dê aulas particulares, ofereça cursos e por aí vai. Acho que você entendeu o que quero dizer, certo?
Trabalhar honestamente sempre será algo nobre. E é justamente trabalhando que vão surgindo novas oportunidades de negócios, através nos novos contatos (o famoso networking), fornecedores e clientes dos serviços prestados. Em outras palavras, trabalho chama trabalho, então mexa-se.
Leitura complementar: Ame o que você faz e não trabalhe um dia sequer. Será?
3. Estude e aprenda sobre marketing e vendas
Se tem partes dentro de um plano de negócios que ao meu ver têsm grande relevância nos resultados, são estas: marketing e vendas.
Não importa o que você irá desenvolver no seu trabalho, se as pessoas não souberem que serviço você está oferecendo ou que tipo de produto você está vendendo (e essa tarefa é do marketing), seu negócio não vai avançar.
E se depois das pessoas saberem sobre seu negócio e entrarem em contato contigo, você não souber apresentar bem seu serviço ou produto, incluindo o preço, e não se comportar como bom negociador (e essa tarefa é de vendas), você também não vai conseguir avançar.
Existem muitos cursos de marketing por aí, e poucos e bons cursos de vendas disponíveis, sejam presenciais ou on-line, mas ambos costumam ser caros, e gastar tanto assim muitas vezes não é uma boa opção para quem está desempregado.
Prefira um método barato de ganhar conhecimento, mas infelizmente pouco utilizado pelos brasileiros em geral: os livros. Eu sou um grande adepto desta maneira barata e eficiente de aprender, devoro praticamente um livro por semana. Vou deixar dois exemplos aqui, mas existem vários outros (clique para detalhes):
- “Confissões de um Publicitário”, de David Ogilvy;
- “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie.
Leitura complementar: 4 Dicas sobre negociação e vendas que todos devemos praticar.
Conclusão
As crises são hábeis (e essenciais) para retirar as pessoas de suas zonas de conforto. Para a maioria, isso será motivo de sofrimento, mas é a reação de cada um que dirá quem será capaz de vencer e quem irá perecer. Quer outro clichê? A única coisa que não muda é que tudo muda.
Não seja ingênuo: faça as pazes com a mudança e extraia o melhor dela! Já vi muita gente sair das crises construindo grandes negócios que talvez jamais teriam sido feitos sem esse “empurrãozinho”. Desejo muito sucesso e suor para você, porque na guerra todos temos que lutar e transpirar muito!
Foto “Stand out”, Shutterstock.