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Marcos Elias se alia a financista Omar Amanat para chegar a Wall Street

Controversos em suas áreas, Elias e Amanat se encontraram em uma cela do Metropolitan Correction Center, em NY, e agora vão trabalhar juntos

por Gustavo Kahil
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Estava escrito: Omar Sharif Amanat e Marcos Eduardo Elias se conheceram ao cumprirem pena, dividindo a mesma cela, no quinto andar do presídio de segurança máxima, o Metropolitan Correctional Center, em Nova York. Passaram três anos e dois meses ombro a ombro.

Em um curta-metragem sobre a vida de Marcos Elias – disponível em seu perfil no LinkedIn – Omar faz um depoimento sobre o brasileiro:

“Tivemos uma ótima experiência juntos. Ele me expôs aos lindos conceitos em grandes livros. Marcos tinha uma biblioteca realmente incrível por lá! E, no meio do lugar mais violento dos EUA que você possa imaginar, nós passávamos nossos dias discutindo questões espirituais, conceitos sobre física e a tese Antifrágil de Taleb. Criamos nosso paraíso no meio daquele inferno. Ele é o homem mais doce que eu já conheci em toda a minha vida”.

E lá mesmo, entre baratas, ratos e disputas de faca entre homens drogados, Omar e Elias decidiram que “voltariam a conquistar o mundo dos negócios”. Quando e se saíssem. Elias cumpriu pena de 42 meses. Amanat, 48.

Omar Amanat (direita) e seu irmão mais velho, Irfan Mohammed
Omar Amanat (direita) e seu irmão mais velho, Irfan Mohammed (esquerda) (Imagem: LinkedIn/ Marcos Elias)

Finanças, cinema e hospedagem

Considerado “um dos dez homens mais influentes de Wall Street”, Omar Amanat iniciou a sua carreira na corretora Datek Online, vendida posteriormente para a Ameritrade por US$ 1,3 bilhão. Depois, ajudou a desenhar a CyberTrade, que foi vendida por US$ 488 milhões para a Charles Schwab após a sua saída. Ele, então, fundou a Tradescape Corporation, que chegou a processar mais de 10% de todo o volume da Nasdaq, e que foi adquiria pela E*Trade por US$ 280 milhões. A Tradescape foi considerada “uma das 50 maiores companhias privadas dos EUA”.

O filho de muçulmanos de origem paquistanesa, Omar – ele mesmo considerado um dos 500 muçulmanos mais importantes do mundo, pela Georgetown University – conseguiu alçar-se à alcunha do “homem mais poderoso de Hollywood sobre o qual você provavelmente não ouviu falar”, ao criar uma produtora e distribuidora de cinema para a Saga Crepúsculo. A companhia de filmes de Omar, chamada Peak Group, foi vendida para a Lions Gate por US$ 912,5 milhões.

Omar também investiu para tornar-se o sócio da rede Aman Resorts, frequentada por celebridades de Hollywood.

Marcos Elias
“Vou colocar a Contra Corrente em conformidade. Pari passu, vou empreender minha luta contra o gesso da CVM”, disse em entrevista ao Dinheirama (Imagem: Divulgação)

Volta por cima?

E, juntos, na cadeia, sem nada para fazer, os dois investidores em série passaram a arquitetar como seria a vida empresarial da dupla no dia em que estivessem livres, por meio de duas vias.

Na primeira, Omar compra os direitos sobre a história de vida de Marcos Elias por US$ 500 mil. A carta demonstra interesse em desdobrar a vida do financista brasileiro nos cinemas e também de desenvolver séries de TV sobre o assunto. Um livro biográfico será lançado no Brasil na primeira quinzena de junho desse ano, com prefácio escrito pelo headhunter Ricardo Nogueira, e será posteriormente adaptado para uma biografia a ser consumida pelo público norte-americano.

Prefácio do livro sobre Elias

Os financistas

A segunda, claro, é um avanço para o empreendedorismo e a busca por Wall Street.

Amanat trilha um caminho natural para a sua família. Enquanto esteve preso, o seu irmão mais novo, Ozi Amanat, evoluiu para construir uma firma de venture capital que tem chamado atenção.

Com a sua K2 Global, o financista mais novo da família participou, por exemplo, de um investimento para compra de US$ 300 milhões em ações da OpenAI, dona do ChatGPT, em abriI de 2023, ao lado de outras casas de capital de risco, incluindo Sequoia Capital, Andreessen Horowitz e Thrive.

O plano

Omar e Elias arquitetaram a estrutura de uma “mini prime broker”. A ideia é intermediar as relações entre gestoras jovens americanas – principalmente para estratégias de Long & Short e Futures, Equities – e um prime broker, que será o JPMorgan.

A engenharia do negócio visa selecionar um time de pequenos gestores, que receberão aportes de Omanat, para ter acesso aos serviços de execução e alavancagem. Além disso, a nova empresa batizada de “Windstor Capital Group” aproximará os gestores a novos investidores em um modelo de “capital introduction”.

Elias entra com a capacidade de fornecimento de research e market intelligence para os gestores, em contratos anuais obrigatórios por uma coligada à Contra Corrente chamada Vol Hunters.

O modelo espelha o da Topwater, vendida posteriormente para a Leocadia Capital, que identifica gestores de investimentos com estratégias definidas e aloca capital a eles em contas gerenciadas. O objetivo é superar a casa do US$ 1 milhão já no primeiro ano.

“Estamos, sim, empreendendo juntos, em duas iniciativas. E ainda viso participar da mais recente empreitada de Omar na indústria farmacêutica”, ressaltou Elias ao Dinheirama.

“O Sr. Omar Amanat fica muito satisfeito em declarar sua amizade pelo Sr. Marcos Elias, a quem se refere como irmão. E ainda reforça que todas as iniciativas empresariais do Sr. Elias estão aptos a contar com o apoio financeiro e estratégico da família Amanat”, disse um representante dos negócios da família Amanat.

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