Desde o dia 1° de Janeiro deste ano entrou em vigor o novo salário mínimo no Brasil. Que, até o fim do ano passado valia R$ 465,00 e hoje já vale R$ 510,00, um aumento maior do que o visto há alguns anos. E maior também do que o valor inicialmente proposto pelo Governo, de R$ 507,00. Tal diferença (R$ 3,00) foi justificada pela fato de um valor “redondo” nos vencimentos ajudar os aposentados na hora de sacarem seus benefícios. Estima-se que este aumento custará ao governo algo em torno de R$ 4,6 bilhões a mais só nas contas da Previdência. E um gasto orçamentário de R$ 196,4 milhões por cada real de aumento.
Sob uma ótica financeira, percebemos que este aumento salarial, apesar de pequeno, está acima da inflação média. De acordo com dados do Dieese, “com uma inflação estimada em 3,60% para 2009, o aumento real (percentual acima da inflação) do salário mínimo em 2010 será de 5,87%. No ano passado, o ganho real do mínimo foi de 5,79% e, em 2008, 4,03%”. Fato este que gera certo poder de compra para a população, sendo um benefício real a ser considerado, apesar de ínfimo. Mas que merece um olhar mais cuidadoso, afinal, aumento significa mais dinheiro no bolso, e isso é algo que muita gente ainda não sabe bem como lidar.
Um ponto importante que muita gente não pára para analisar com frieza é o tamanho do impacto que este aumento tem na vida da população brasileira. Com certeza, um impacto bem abaixo do desejado e que, certamente, não deixará você mais rico nem o governo mais pobre do que é hoje. Não entendeu? Eu explico.
Se pegarmos um exemplo bem básico, dá pra se ter uma noção do que estou falando. Aqui na minha cidade, já no dia 2 de janeiro de 2010 (um dia depois do reajuste salarial), percebemos um certo aumento na passagem de ônibus, no valor de R$ 0,15. É pouco? É, mas você já fez as contas de quanto um trabalhador que ganha um salário mínimo gasta por mês só com passagens de ônibus? Pois é.
Este aumento no valor da passagem é só a ponta do iceberg. Com certeza, daqui um mês ou dois este aumento já terá sido percebido também no preço de outros produtos e serviços, muitos com percentuais maiores que os da inflação ou do reajuste do mínimo. Ou seja, seu salário aumenta, mas todo mundo aproveita a onda para aumentar os preços também. Novidade? Não, isto é assim “desde que o mundo é mundo”.
Por isso, é importante ter em mente que seu planejamento financeiro precisa ser o mesmo de antes do reajuste no salário mínimo. Apesar do maior poder de compra gerado, pensar que vai “sobrar um dinheirinho” agora pode ser uma ilusão. Tome muito cuidado. Como dito, o salário aumenta, mas os preços dos bens de consumo também aumentam. Esta é a cruel realidade. É preciso fazer as contas e pensar que daqui a pouco veremos novos aumentos de preços que, em um cenário pessimista, podem ultrapassar o ideal.
Portanto, muita calma. Use o seu “novo salário” como se ainda fosse o antigo e terá mais tranqüilidade na hora de fechar as contas do mês. Afinal, os R$ 45,00 de aumento podem ajudar sim, mas não vão salvar o seu orçamento quando estiver no vermelho, desesperado para sanar dívidas e colocar a vida em dia. Certo? Então continue em dia com o seu planejamento financeiro de 2010, agradeça ao governo pelo aumento e siga em frente com disciplina e muita perseverança! Boa sorte!
Crédito da foto: divulgação.