Camila comenta: “Navarro, obrigado por disponibilizar seu conhecimento e por nos tratar com tanto respeito. Eu tenho um problema e assumo: sou uma péssima negociadora e costumo comprar quase tudo que os vendedores me oferecem. Procuro demonstrar que existem opções mais interessantes, explico que não tenho dinheiro, mas nada disso adianta. Eles vêm com incríveis ofertas de parcelamento e acabo não resistindo. Será que tenho solução”?
Oi Camila, seja bem vinda ao Dinheirama. O respeito é apenas reflexo do relacionamento amistoso que mantenho com meus leitores. Não poderia ser diferente. Obrigado pelas palavras. Admiro muito sua coragem. Parabéns pela atitude. Tenho certeza de que seu “problema” tem solução e você vai perceber que mudar não é tão difícil quanto parece. O imediatismo e o consumismo são armadilhas perigosas que costumam complicar o orçamento de muita gente. Saiba que você não está sozinha nesta situação.
Não é tão fácil quanto parece
As propagandas na televisão são cada vez mais abusadas. Ora, onde já se viu oferecer móveis, eletrodomésticos e produtos com pagamento em até 24 meses? Guarde suas pedras, não sou contra o crédito fácil. Sinto desapontá-lo, mas aqui no Brasil crédito fácil não existe. Há muito dinheiro circulando, melhores salários e inflação controlada, isso é verdade. Nunca se comprou tanto como agora, nunca os brasileiros gastaram tanto com produtos eletrônicos e veículos como nestes últimos dois anos, isso também é verdade.
O lado B dessa história é perigoso. Você sabia que, ainda assim, a inadimplência continua crescendo? Não parece incoerente? Basta pensar que se menos gente está honrando seus compromissos, cada vez mais o lucro das lojas e bancos recairá sobre os que pagam corretamente seus débitos. Se você gosta de estar em dia com seus credores, cuidado com a oferta de financiamentos e parcelamentos.
Dica 1: não compre só porque a parcela cabe no seu bolso.
Dica 2: fuja das prestações longas demais.
Nada é tão perfeito
O produto, mesmo que novo, lindo, vistoso e cheiroso, não deve ser encarado como salvação de seus desejos. Pois é, viajei na frase, mas a lição é vital. Analise muito bem o produto e não hesite em indicar ao vendedor possíveis falhas, defeitos ou arranhões, ainda que estes sejam mínimos. Mostre-o ao vendedor e, mantendo o bom senso e o respeito, crie caso. Demonstre que o produto não é tudo aquilo que você esperava, ameace deixar a loja. Enfim, dê um pouco de trabalho ao vendedor.
Dica 3: produtos com defeito custam mais barato. Todo produto tem um problema. Tente detectá-lo em frente ao vendedor.
O preço sonhado não existe
Sei que nem sempre é possível pechinchar ou pagar aquilo que desejamos pelo produto. No entanto, prestar atenção ao movimento da loja pode trazer bons resultados ao seu dia de compras. Sempre existe(m) o(s) dia(s) da liquidação, do “descontão”. Sempre. Da mesma forma que agir nestes dias pode ser interessante, invadir lojas sem movimento também pode render bons descontos. Todos vão estar loucos para lhe vender algo, aproveite e brigue para pagar o que julgar justo. Como exemplo, comprar roupa de verão no inverno pode ser uma boa estratégia.
Dica 4: pesquise e lembre-se de que boas mercadorias (e bons preços) também existem em lojas menos conhecidas e badaladas.
Chame o gerente
Essa dica é unânime entre os especialistas em finanças, embora raramente seja levada a sério. Converse bastante com o vendedor, mas não concorde com suas ofertas de preço e(ou) pagamento. As margens por aqui são altas e com um bom papo tenho certeza de que é possível diminui-las consideravelmente. Quando você chega até o gerente é porque a margem de manobra do vendedor acabou. Daí pra frente a começa a ficar mais interessante.
Dica 5: só feche a compra depois de receber um “oi” do gerente. Acerte diretamente com ele o preço e as condições de compra.
Negociar não é difícil se você estiver disposto a deixar a vergonha e a preguiça em casa. Se você não negocia os preços dos produtos que compra, abre margem para que eu e outras pessoas possamos chorar por um desconto ainda maior junto à loja. Afinal de contas, quem paga muito garante o lucro da empresa ainda que os “pechinchadores” consigam preços muito mais baixos. Hora de acordar né?