Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.
Não é novidade o fato de que vivenciamos mais uma crise, mais uma queda do voo da galinha. É a história dos ciclos econômicos que, no caso brasileiro (por razões conhecidas), são bem curtos – o que vale para a prosperidade e também para a derrocada (frutos de uma economia de baixa produtividade, mas que opera de forma diversificada).
Por outro lado, não vou cair na armadilha dos clichês ou da autoajuda de botequim e afirmar o ululante, de que nas fases de crise residem inúmeras oportunidades. Isso é bastante óbvio e já tem sido abordado de forma exaustiva.
Hoje serei mais ácido! Em fases de crise, a grande sacada é não perder a oportunidade de não fazer bobagens, e evitar, assim, atirar no próprio pé. E se isso também lhe parece óbvio, convido-o a uma observação cuidadosa; aposto que você verá muitas armas apontadas para o próprio pé.
Então, na dúvida, cuidado com:
1. Modinhas de gestão
Em épocas de crise, as modinhas de gestão ganham corpo como tábuas de salvação. Por favor, deixe-as de lado e foque em fazer o dever de casa, e bem feito.
É aquela coisa: boa refeição, preparada com cuidado, servida por um garçom minimamente atencioso (sem ser afetado), numa mesa bem-posta, com peças limpas e em local arejado; pronto, a receita elementar e sem precisar arcar com despesas dispensáveis para “encantar o cliente”.
2. Caixa negligenciado
Cuide do caixa como uma leoa protege a sua cria. Pode parecer óbvio demais, mas é espantoso como muitas empresas não conseguem calcular com precisão a sua Geração Livre de Caixa.
Se necessário, procure um especialista, e de preferência implemente uma modelagem que lhe permita construir cenários para enxergar o futuro refletindo as ações que você está tomando no presente.
3. Temor em demitir
Efetive uma revisão do seu quadro de colaboradores. Observe se não existem gorduras (sim, não estou me importando com a “bota” do pensamento politicamente correto).
Mas seja cuidadoso, afinal gente talentosa não se encontra na esquina, então avalie se alguns recursos estratégicos, mesmo que por hora pouco demandados, não poderiam ser mantidos (a crise vai passar e você vai precisar deles novamente).
Vale aqui um redesenho de funções e processos; se ao final existirem excedentes realmente desnecessários, e cuja dispensa não acarretará perdas sensíveis para a empresa, corte-os. Isso mesmo: mande embora.
4. Gerenciamento emocional e desorganizado
O momento suplica por objetividade. A empresa agradecerá se puder ser tocada com um plano de trabalho objetivo e detalhado, contendo cronograma e distribuição clara de responsabilidades, com ancoragem em metas atingíveis.
5. Conduzir o processo comercial apenas sob pressão
Trata-se de equívoco muito comum; acredita-se que sob pressão absoluta, profissionais de orientação comercial trazem melhores resultados. A realidade nem sempre é assim.
A pressão deve ser algo natural, por conta da meritocracia e da distribuição de metas e premiações, mas a gestão da dinâmica comercial precisa de racionalidade e combate à perda de tempo.
Conclusão
Simplifique. Nos tempos de crise, vale a máxima de que “menos é mais”, portanto não exagere na sofisticação gerencial e não troque o sistema em meio à turbulência. O momento exige o básico eficiente. Só! Até o próximo.
Foto “Looking for opportunities”, Shutterstock.