A crise financeira, as diversas opções de atividades profissionais e o desejo de maior liberdade e bem-estar pessoal têm levado um grande número de executivos a deixarem suas carreiras consolidadas para se arriscarem no sonho do negócio próprio.
Conversamos sobre isso com o amigo Emerson Weslei Dias, consultor de carreira, colunista do Dinheirama e autor da série de livros “O inédito viável”, que me disse que três fatores estão bastante presentes nas pessoas que tomam essa decisão de buscar novos rumos.
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Insatisfação com o trabalho
Em primeiro lugar, está a insatisfação com o trabalho atual. Ele destaca que o mundo nas empresas, principalmente nas grandes, está cada vez mais controlado, e com isso o grau de autonomia diminui muito.
“Tenho percebido uma reclamação geral da falta de liberdade para trabalhar. Além disso, o mundo está cada vez mais competitivo e profissionalizado, as relações humanas se deterioram, é muita gente com problemas com seus superiores, pares…”, contou-me Emerson.
Tecnologia e crédito
O segundo fator é o acesso à tecnologia e crédito. Como exemplo disso, Emerson cita o desenvolvimento de um aplicativo, que custa pouco e que, se a ideia for boa pode vir acompanhado de um rápido sucesso.
Segundo ele, “hoje em dia temos investidor-anjo, aceleradora de startups, franquias, micro franquias, etc … O leque é grande, bem diferente do cenário de 10/15 anos atrás, ainda mais se você tiver um plano de negócios bem feito com uma validação consistente do seu negócio, o dinheiro é fácil conseguir”.
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Satisfação antes da remuneração
Emerson garante ainda que, em muitos casos, as pessoas estão buscando mais satisfação pessoal do que remuneração. “Vejo um movimento muito forte de querer fazer algo que tenha prazer, dar um significado a sua própria existência, principalmente quem já tem o que precisa do ponto de vista financeiro”, ele disse de forma enfática.
Dias acredita que o desejo de uma melhor qualidade de vida também influencia a escolha por mudar de carreira. “Estresse, trânsito, viagens, pressão por resultados, falta de recursos, instabilidade nos mercados são fatores presentes, e as pessoas querem poder equilibrar isso, ao menos trabalhando em algo que faça sentido para elas”, destaca.
No entanto, trocar a segurança do emprego pelo risco de abrir um negócio é uma decisão que exige muita ponderação. Segundo Emerson, alguns pontos importantes precisam ser considerados por quem pensa em deixar uma carreira de executivo e iniciar outra como empreendedor.
Antes de tudo, Dias faz uma breve conceituação sobre o que é Carreira, que define como “o tempo da vida em que a gente se dedica a algo que considera útil para a sociedade e sente prazer de fazer”.
Levando em conta essa definição, ele afirma que, na mudança, devemos ser conduzidos pelo mesmo sentido: dar ao mundo nossas habilidades, satisfazendo nossos anseios e, ao mesmo tempo, as necessidades das outras pessoas.
Vale lembrar que tocar um negócio próprio exige competências diferentes das necessárias para sobreviver no mundo corporativo. De acordo com o especialista, entre as principais dificuldades que um executivo tem em entender e se adaptar à realidade de um empreendedor está a famosa “atitude de dono”.
“Muitos falam, mas poucos sabem o que é isso na prática. O executivo era acostumado a receber relatório e interpretar, agora ele talvez tenha que fazer os próprios relatórios, ir ao banco resolver problemas da empresa, atender o cliente, ouvir reclamações, liderar pessoas, montar escalas de trabalho, entender o negócio do início ao fim e não mais uma visão ‘departamentalizada’ e etc.”, enfatiza Dias.
O consultor também alerta que o entusiasmo, típico de quem está começando um novo negócio, pode prejudicar se não for aliado à um bom planejamento.
“Há um grande risco de ‘entrar de cabeça’. Muita gente erra ao apostar em uma paixão cega e achar que encontrou a mina de ouro. É preciso encontrar alguém que possa desconstruir sua ideia. Nesse momento, os críticos podem apresentar problemas que possam ainda existir e você não os estava vendo”, afirma Emerson.
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Passo a passo. Chegada a hora de “colocar a mão na massa”, depois de definir o que vai ser feito (abrir um negócio, ser um franqueado, começar do zero ou comprar um negócio que existe), é preciso elaborar um bom plano de negócios.
Passada essa etapa é hora de se questionar: tenho as competências para isso? Se sim, como posso testá-las? Se não, como posso desenvolvê-las?
Segundo Dias, a regra básica é planejar, executar o plano e fazer os ajustes necessários que são descobertos na execução, checar os resultados alcançados de tempos em tempos, e, com base nisso, ajustar o que tiver que ser ajustado e seguir o plano. “É como reformar um avião em pleno voo, tem que ser peça por peça para ele não cair”, diz.