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Vale e Porto do Açu assinam acordo para construção de um complexo industrial

O acordo com o Porto do Açu é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos “mega hubs”

by Reuters
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 A Vale (VALE3) e o Porto do Açu assinaram um acordo para estudar a construção de um complexo industrial no Estado do Rio de Janeiro que visa a fabricação de produtos de minério de ferro de baixo carbono, cujo projeto poderá atrair 1 bilhão de dólares para a construção de uma planta de HBI (“hot briquetted iron”), disseram executivos da Prumo Logística, proprietária do porto.

A expectativa é que o complexo, que a Vale tem chamado de “mega hubs”, entre em operação no Porto do Açu em 2028, com pelo menos uma planta com capacidade para produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano de HBI, um pequeno tijolo compacto com alto teor de ferro para abastecer inicialmente siderúrgicas no Brasil que visam fabricar aço de baixa emissão de carbono.

O acordo com o Porto do Açu é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos “mega hubs”, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã), em parceria com outros grupos. Mas investimento na unidade de HBI seria feito eventualmente por uma companhia siderúrgica, e não pela Vale.

O empreendimento no porto fluminense deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro, para alimentar a unidade de HBI, produto intermediário da siderurgia visto como importante para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica brasileira e internacional.

“Já temos carta de intenção de compradores de HBI aqui no Brasil, está resguardado em acordo de confidencialidade, não posso dar detalhes, mas já justifica mais de uma planta, talvez duas plantas no Brasil”, disse o CEO da Prumo Logística, Rogério Zampronha, em uma entrevista por videoconferência, acrescentando que outra carta deverá ser assinada em breve.

Ainda não há até agora, entretanto, um acordo firmado para a instalação da unidade de HBI, apenas conversas avançadas, segundo a Prumo.

O HBI, cuja produção é possível a partir de minério de alta qualidade, elimina a necessidade de coque ou carvão metalúrgico do processo da indústria siderúrgica, que hoje responde por cerca de 8% das emissões globais de CO2.

A produção de HBI no mega hub brasileiro deverá consumir gás natural, tendo como um dos fornecedores projeto liderado pela Equinor, o BM-C-33, que está previsto para entrar em operação em 2028.

“Sem dúvida nenhuma, a participação da Vale nesse desenho é absolutamente fundamental, tanto para garantir o suprimento do insumo, que são pelotas e briquetes, quanto pelo posicionamento dela perante seus clientes globais que nos garantem participar de uma cadeia de valor muito bem constituída pela Vale a nível global”, disse Zampronha.

“Vão ter vários hubs no mundo, nosso hub tem como prioridade inicial suprir a indústria nacional de aço e HBI, mais do que simplesmente exportar.”

A Vale afirmou que avalia transportar os aglomerados de minério de ferro por navegação de cabotagem até o porto. Questionada sobre os volumes, a mineradora afirmou que isso vai depender de como o projeto vai evoluir.

Um módulo produtor de HBI com capacidade para 2 milhões a 2,55 milhões de toneladas/ano exigiria entre 3 milhões e 4 milhões de toneladas/ano de pelotas ou briquetes.

“Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono. Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde”, disse o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli.

Já o executivo da Prumo destacou, sem dar detalhes, que há uma demanda local “bastante grande” por HBI já expressada formalmente por grandes produtores de aço no Brasil e que o Porto do Açu deseja atender com ganhos logísticos por já estar no país.

O consultor para temas de Siderurgia e Mineração da Prumo, Albano Vieira, destacou que plantas de HBI demandam capital intensivo e, por isso, quanto mais volume o projeto tiver, mais retorno haverá.

“O uso de HBI nos alto-fornos pode diminuir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 25%, com reduções potenciais ainda maiores ao longo da cadeia, o que colocaria a indústria em linha com os objetivos de redução de emissões até 2030”, afirmou Vieira.

Segundo Vieira, a partir do projeto, todas as condições e análises apontam para que o país se transforme em um grande produtor de HBI, suprindo siderúrgicas em todo o mundo.

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