As projeções de crescimento da economia foram revisadas por bancos e consultorias e agora apresentam previsões abaixo de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013. A nova perspectiva se deu após o IBGE divulgar uma recuperação da indústria em março abaixo do que era esperado.
Os analistas ficaram mais pessimistas a partir do desempenho inferior apresentado no primeiro trimestre. Os números da produção industrial e a piora em indicadores de consumo e da balança comercial levaram à revisão de algumas projeções. Em 2012, o PIB cresceu apenas 0,9% e as projeções para este ano chegavam a 4%.
O Bradesco reduziu de 3,5% para 2,8% a estimativa de expansão do PIB neste ano e de 4% para 3,5% em 2014.
“Nossa revisão para o crescimento doméstico foi influenciada pela incorporação recente de resultados mais fracos do que esperávamos da atividade econômica”, afirmou em relatório Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco.
A consultoria Tendências, por sua vez, apontava expansão de 1,1% no primeiro trimestre ante os três meses anteriores, número que está sendo revisto e deve ficar entre 0,8% e 0,9%. Na comparação anual, a estimativa caiu de 2,2% para 2%. “Temos visto uma indústria errática e com sinais de recuperação lenta”, argumentou Alessandra Ribeiro, economista da Tendências.
Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), também identificou piora no cenário nacional e reduziu sua expectativa de 2,9% para 2,7%. Segundo ela, “há chances de nova revisão, dependendo principalmente do desempenho do setor de serviços”, a ser divulgado.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, foi outro especialista que se mostrou pessimista diante dos resultados divulgados. Ele trabalhava desde junho com alta de 3% do PIB, mas revisou o índice para 2,5% há um mês. “Os dados fracos da indústria, aliados aos do comércio e serviços, podem trazer uma surpresa negativa”, afirmou.
Há também quem não tenha mudado as projeções, como é o caso da economista do Santander, Fernanda Consorte. “O cenário mostra que deveremos ver ao longo do ano as altas se alternando com as baixas”, disse a especialista.
Com a leve alta de 0,7% da produção industrial em março ante o mês anterior, alguns especialistas acreditam que o esboço de retomada é frágil e é preciso ter cautela neste cenário.
“A indústria mostra melhora neste início de ano, mas não quer dizer que vai muito bem. Ainda há uma distância a ser percorrida em relação aos patamares em que o setor já operou”, afirma André Macedo, técnico do IBGE. Para ele, há uma diferença de 3,7% entre o dado de março e o de maio de 2011, patamar recorde.
Setores sustentam alta
A alta do mês atingiu 13 dos 27 setores analisados pelo IBGE. A indústria de veículos teve a maior influência positiva: a produção subiu 5,1% em março, eliminando parte da queda de 8,1% verificada no mês anterior.
Rodrigo Nishida, economista da consultoria LCA, ressalta o desempenho positivo da produção de bens de capital (máquinas e equipamentos), o que sinaliza retomada dos investimentos. “Em 2012, foi exatamente esse setor que puxou o resultado para baixo”, afirmou. O setor teve alta de 11,7% nos três primeiros meses do ano, considerando as taxas acumuladas por mês.
Já a indústria de alimentos teve o pior desempenho, marcando o maior peso negativo no resultado, com queda acumulada de 4% nos últimos dois meses da pesquisa. Os principais motivos para a retração foram a inflação em alta e as exportações menores.
Fontes: Folha | R7. Foto de freedigitalphotos.net.