A Argentina e o Brasil estão solicitando 12,5 bilhões de euros em ajuda financeira da União Europeia nas negociações para concluir um acordo comercial com o Mercosul, segundo um documento visto pela Reuters.
Quatro diplomatas da UE e da América do Sul confirmaram o pedido argentino, que é apoiado pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do Mercosul atualmente.
A Argentina e o Brasil também pressionaram para excluir mais tipos de compras governamentais da concorrência europeia, mas o Uruguai e o Paraguai os outros dois membros do bloco não apoiaram a ideia porque isso poderia atrasar ou inviabilizar um acordo em negociação há duas décadas, disseram dois diplomatas.
“Para garantir o cumprimento dos objetivos deste acordo, a UE deve alocar recursos financeiros… em um montante não inferior a 12,5 bilhões de euros em doações, empréstimos e outros instrumentos financeiros“, diz o texto apresentado há duas semanas.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse que a posição do Mercosul estava evoluindo e que o texto visto pela Reuters poderia não ser a versão mais recente. “Há mudanças sendo discutidas e acordadas”, disse.
Os fundos da UE, destinados a compensar o aumento da concorrência, estariam disponíveis quando as tarifas começassem a cair devido ao acordo, segundo os cronogramas do capítulo sobre comércio de mercadorias, diz o texto.
Um diplomata europeu envolvido nas negociações disse à Reuters que o número de 12,5 bilhões de euros foi “circulado”, mas que qualquer apoio financeiro “não seria nada parecido com esse número”.
O acordo está suspenso desde 2019, em grande parte devido às preocupações europeias com o desmatamento da Amazônia. O novo pedido de ajuda foi feito em uma contraproposta do Mercosul a um adendo da UE propondo salvaguardas ambientais.
As negociações se aceleraram no último mês com videoconferências, e os negociadores-chefes devem se reunir pessoalmente em Bruxelas na próxima semana, antes de uma reunião ampliada em Brasília em 30 de outubro.
Mas o pedido de ajuda financeira e a reabertura do capítulo sobre compras públicas podem impedir um acordo final ainda este ano.
Um embaixador de um país do Mercosul em Brasília disse à Reuters que não havia tempo para reabrir os capítulos do acordo. “Se não houver um acordo até dezembro, ele nunca verá a luz do dia”, disse.
A vice-ministra do Comércio da Espanha, Xiana Méndez, falando a repórteres nesta sexta-feira após uma reunião de ministros do Comércio europeus em Valência, disse que ainda era possível chegar a um acordo até dezembro.
“Não há vontade de reabrir o tratado do Mercosul, mas há questões adicionais a serem discutidas pelos países do Mercosul”, acrescentou.