Duas autoridades do Banco Central Europeu se opuseram nesta segunda-feira às apostas do mercado de que o BCE começará a cortar os juros no primeiro semestre do próximo ano e desfará alguns de seus esforços recentes para combater a inflação alta.
O BCE encerrou uma sequência sem precedentes de 10 aumentos consecutivos dos juros na semana passada e os investidores agora estão avaliando a chance de um corte já em abril, apesar da insistência da presidente Christine Lagarde de que isso é prematuro.
O presidente do banco central eslovaco, Peter Kazimir, e presidente do banco central lituano, Gediminas Simkus — duas autoridades que são a favor de uma política monetária mais rígida — procuraram refutar a ideia nesta segunda-feira, levantando até mesmo a possibilidade de novos aumentos.
“Eu ficaria surpreso se precisássemos reduzir os juros durante a primeira metade do próximo ano”, disse Simkus a repórteres em Vilnius.
Kazimir disse que as apostas em um corte nos primeiros seis meses do ano são “totalmente equivocadas” e que as autoridades do BCE precisarão ver as próximas projeções macroeconômicas do banco em dezembro e março.
“Só então poderemos dizer que o ciclo de aperto está concluído e passar para a fase subsequente — de monitoramento”, disse Kazimir.
A inflação vem diminuindo, com uma leitura da Alemanha nesta segunda-feira confirmando as expectativas de uma queda substancial em outubro, e o crescimento desacelerando em meio a sinais de uma crise de crédito induzida pelo aumento dos juros.
Na semana passada, o BCE deixou inalterada a taxa que paga sobre os depósitos bancários, em um recorde de 4%, enquanto espera que seus recentes aumentos se propaguem pela economia.
“Teremos de permanecer no pico nos próximos trimestres”, disse Kazimir.