O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse nesta segunda-feira que a aliança está preocupada com a retórica secessionista na Bósnia, bem como com a influência russa no país, depois de meses em que líderes sérvios afirmam cada vez mais que querem se separar.
A Bósnia emergiu de uma guerra entre 1992 e 1995 com uma estrutura federal que une uma república dominada pelos sérvios com uma federação de croatas e muçulmanos bósnios. O líder da entidade sérvia, Milorad Dodik, tem dito nos últimos meses que pretende se separar e se unir à vizinha Sérvia.
“Estamos preocupados com a retórica secessionista e divisiva, bem como com a interferência estrangeira, incluindo a Rússia”, disse Stoltenberg aos repórteres em Sarajevo, sua primeira parada durante uma viagem pela região dos Bálcãs Ocidentais.
“Isso prejudica a estabilidade e dificulta a reforma”, disse Stoltenberg, acrescentando que todos os líderes políticos devem trabalhar para preservar a unidade, construir instituições nacionais e alcançar a reconciliação.
Quase três décadas após a guerra que custou 100.000 vidas, a mais mortal das guerras que se seguiram ao desmembramento da Iugoslávia nos anos 1990, a Bósnia continua dividida, com sua economia estagnada e pessoas saindo em massa.
A Otan enviou cerca de 60.000 soldados para a Bósnia após a guerra, que foram substituídos por uma força de manutenção da paz da União Europeia, a EUFOR, em 2004. No ano passado, a UE quase dobrou o tamanho da EUFOR para 1.100 soldados, preocupada com a possibilidade de a instabilidade da guerra na Ucrânia se espalhar para os Bálcãs Ocidentais.
Stoltenberg disse que a Otan apoiou fortemente e trabalhou com a missão EUFOR.
“Não podemos e não permitiremos um vácuo de segurança na Bósnia-Herzegovina”, disse ele depois de se encontrar com Christian Schmidt, o alto representante internacional na Bósnia, que não foi reconhecido nessa função pelos sérvios da Bósnia, que dizem que sua nomeação não foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.