O Banco Central mostrou que tem visões sobre políticas macroeconômica e financeira que vão além do mandato de um governo, disse nesta segunda-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, dizendo acreditar que ruídos relacionados à autonomia do órgão estejam superados.
“O Banco Central conseguiu manter um trabalho técnico o tempo todo, conseguiu claramente mostrar à sociedade que é um órgão técnico, que tem uma visão de política monetária de política macroeconômica e da parte de estabilidade financeira que vai muito além de um mandato de governo”, disse durante live semanal do BC.
Sem mencionar diretamente críticas feitas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva à gestão do BC neste ano, Campos Neto afirmou que “obviamente você teve os ruídos do primeiro grande teste da autonomia”, ao explicar que os mandatos do comando do BC autônomo não coincidem com o do governo eleito, mas ponderou que acha que essas questões estão superadas.
O presidente do BC foi criticado repetidas vezes ao longo da primeira metade do ano por Lula devido ao patamar elevado dos juros. O BC começou a cortar a taxa Selic, atualmente em 12,25%, no início de agosto.
Campos Neto defendeu que o status do BC evolua também para uma autonomia financeira e administrativa.
Na live, ele também afirmou que há grande correlação entre preços de produtos e questões climáticas, citando ligação direta entre esses fenômenos e cotações de alimentos e energia.
“O Banco Central entende que a mudança climática está ligada ao nosso mandato”, disse.
O presidente do BC reafirmou que o Brasil deveria ter papel fundamental na criação de um mercado de carbono, citando “enorme oportunidade” de monetizar a conservação de florestas.