Países entraram em conflito neste sábado em relação a um acordo proposto para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis na cúpula da COP28 em Dubai, prejudicando as tentativas de se chegar a um compromisso inédito de acabar com o uso de petróleo e gás em 30 anos de debates sobre o aquecimento global.
Observadores das negociações disseram que a Arábia Saudita e a Rússia estavam entre os vários países que insistiam para que a conferência em Dubai se concentrasse apenas na redução da poluição climática –e não em ter como alvo os combustíveis fósseis que a causam.
Por outro lado, pelo menos 80 países, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e muitas nações pobres e vulneráveis ao clima, estão exigindo que o acordo da COP28 determine claramente o fim do uso de combustíveis fósseis.
“Precisamos de abordagens realistas para lidar com as emissões”, disse o Secretário Geral da Opep, Haitham Al Ghais, em comentários lidos por um funcionário. “Uma abordagem que permita o crescimento econômico, ajude a erradicar a pobreza e aumente a resiliência ao mesmo tempo.”
No início desta semana, o grupo de produtores de petróleo enviou uma carta pedindo aos seus membros e aliados que rejeitassem qualquer menção aos combustíveis fósseis no acordo final da cúpula, alertando que “a pressão indevida e desproporcional contra os combustíveis fósseis pode chegar a um ponto crítico”.
Foi a primeira vez que o Secretariado da Opep interveio nas negociações climáticas da ONU com uma carta desse tipo, de acordo com Alden Meyer, do think-tank E3G.
“Isso indica uma sensação de pânico”, disse ele.
A Arábia Saudita é o maior produtor da Opep e líder de fato da organização, enquanto a Rússia é membro do chamado grupo Opep+.
Ao insistir em focar nas emissões em vez de nos combustíveis fósseis, os dois países pareciam estar se apoiando na promessa de uma tecnologia cara de captura de carbono, que, segundo o painel de ciência climática da ONU, não pode substituir a redução do uso de combustíveis fósseis em todo o mundo.
Outros países, incluindo a Índia e a China, não endossaram explicitamente a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis na COP28, mas apoiaram um apelo popular para o aumento da energia renovável.