Novamente não haverá fogos de artifício em Moscou neste ano, durante o principal feriado familiar russo, mas fora isso a capital está tão brilhante e movimentada quanto qualquer outro Ano Novo antes da guerra na Ucrânia.
No ano passado, as consequências do que a Rússia chama de “operação militar especial”, que havia começado dez meses antes, e uma convocação militar prejudicaram o apetite dos moscovitas pelo entretenimento. Neste ano, contudo, apenas os preços estão prejudicando as comemorações.
“No ano passado, compramos um pinheiro de dois metros (para o Ano Novo) e custou 10 mil rublos (110 dólares)”, afirmou Viktorina Petrova, que visitava o Circo de Moscou. “Neste ano, ele está custando 17 mil rublos. Então decidimos não ter um pinheiro de verdade em casa.”
Nos corredores de um supermercado Metro cheio de bebidas alcoólicas do Ocidente e bugigangas de Ano Novo, a compradora Natalia afirmou que não gastará muito neste ano. “Não estou planejando ser frugal, mas não gastarei muito”, afirmou.
A cientista política russa Ekaterina Schulmann, do Centro Carnegie Rússia-Eurásia, em Berlim, afirmou que o pano de fundo de preços em alta — a inflação ronda os 7% ao ano — e economia em crescimento, alimentadas por uma guerra cujo fim não se pode prever, estão influenciando no gasto.
“Esse tipo de cenário, sugerindo que as coisas estão meio que OK agora e que nada de bom ocorrerá depois, claro que incentiva o gasto em vez da poupança”, afirmou.
Natalia Seleznyova, que visitava o Circo de Moscou, disse que os custos durante a época festiva “sem dúvida subiram um pouco”.
“A situação no país está mudando. Mas ainda queremos ter a sensação de Ano Novo. Então tento não pensar em preços”, disse ela.