Nessa semana, a S&P, uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo, rebaixou a nota de crédito do Brasil em um degrau, para BBB-, último nível ainda considerado como grau de investimento. Na mesma leva decidiu reduzir também a classificação de Petrobras e Eletrobras.
O fato não foi surpresa para ninguém, já que a S&P tinha advertido o país algumas vezes (outras agências também falaram), as revistas internacionais estampado matérias (The Economist) e muitos economistas locais fora do governo também falaram inúmeras vezes, inclusive nós.
O mesmo pode ser tido sobre Petrobras e Eletrobras, ambas enredadas em problemas sérios de mudanças em marcos regulatórios, elevado grau de endividamento e forte ingerência do governo em suas atividades.
Segundo declarações da S&P, o motivo para o downgrade reside no aumento da vulnerabilidade externa, no baixo crescimento dos últimos anos e nesse também e na renitente inflação sempre beirando o teto da banda de variação.
Além disso, citaram também os problemas mais recentes do segmento de energia e despacho de térmicas e dificuldade para atingir a meta de superávit primário estabelecida para 2014, idêntica à obtida em 2013, de 1,9% do PIB, não sem muita contabilidade criativa.
O governo reagiu como sempre, negando problemas na política econômica, monetária ou cambial. Afirmou que o país cresce acima da média de seus pares, que possui baixa exposição externa (verdade), reservas internacionais dentre as cinco maiores do G-20, e política fiscal robusta, além de inflação dentro da meta (que meta?).
Tivemos nota do Ministério da Fazenda, do Banco Central (BC), declarações de líderes do legislativo petista e até do presidente do BNDES, aproveitando a tribuna proporcionada por sua arguição na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).
Em se tratando de alguém que conhece o mercado de capitais, o presidente Luciano Coutinho foi no mínimo infeliz ao dizer que a melhor resposta veio da reação do mercado. O presidente do BNDES esqueceu de acrescentar que nos últimos 14 meses a Bovespa teve queda em 10 meses (estamos por quatro meses em queda) e que o valor de mercado Petrobras foi dizimado.
Consequência óbvia, os mercados já tinham ajustado em boa parte para essa expectativa, assim como tinha acontecido com a taxa do CDS (Credit Default Swap) do Brasil em forte expansão nos últimos tempos. Consequência prática disso, vai dificultar a captação de recursos pelo país e empresas, além de encarecimento dos juros que ainda vão subir nos próximos tempos (a partir de 2015) no segmento internacional.
O pior é que se o governo não mudar os rumos da política econômica e não lidar seriamente com metas, estaremos na direção absolutamente correta para perder o grau de investimento no futuro.
Pior que não ter grau de investimento é perdê-lo. Com eleições ou não, urge realizar mudanças, sem as quais estaremos sendo progressivamente abandonados no cenário externo de investimentos.
Está na hora do Brasil mostrar a sua cara! Transplantado para o mercado de capitais, isso significa que teremos ainda muita volatilidade em curso nos mercados e, portanto, investimentos requerem algum cuidado.
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Foto Shutterstock: Home safe broken to save economies .