O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que a eleição para a prefeitura de São Paulo neste ano será uma disputa entre ele e seu antecessor Jair Bolsonaro, e disse esperar que o PT e partidos aliados consigam eleger um grande número de prefeitos e vereadores no pleito de outubro.
Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, Lula classificou a eleição paulistana como “muito especial” e sinalizou o tom nacional que a disputa deverá ter na maior cidade do país.
“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial, porque na capital de São Paulo é uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura”, disse Lula.
O PT apoia o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a prefeitura de São Paulo, e Lula participou pessoalmente da articulação para que a ex-prefeita, ex-senadora e ex-ministra Marta Suplicy voltasse ao PT para ser candidata a vice na chapa de Boulos.
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos foi candidato a prefeito em 2020, sendo derrotado no segundo turno por Bruno Covas (PSDB), que morreu em consequência de um câncer no primeiro ano de mandato.
O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que era vice de Covas e chegou ao comando da capital com a morte do então prefeito, disputará a reeleição e conta com o apoio do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro, e deverá contar também com o endosso do ex-presidente. Marta era secretária de Relações Internacionais de Nunes até aceitar o convite de Lula para regressar ao PT e ser vice na chapa de Boulos.
“Eu fiquei muito feliz de conseguir convencer a companheira Marta Suplicy, que é a prefeita que tem a melhor memória com o povo de São Paulo, a serviço do companheiro Boulos, e para isso ela precisa voltar ao PT. Eu chamei ela aqui, conversei, ela ficou muito feliz e entrou, e eu acho que a gente pode ganhar as eleições em São Paulo”, disse.
O PT venceu as eleições para prefeito na capital paulista em 1988, com Luiza Erundina, mas não conseguiu fazer o sucessor em 1992, quando Paulo Maluf foi eleito. Na época não havia reeleição. O partido voltou a vencer em 2000, com Marta, que foi derrotada pelo tucano José Serra em sua tentativa de reeleição. O partido ganhou novamente em 2012, com o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que perdeu a tentativa de reeleição em 2016 para João Doria (PSDB).
Quando conquistou a Presidência da República em 2018, contra Haddad, Bolsonaro venceu na capital paulista, mas foi derrotado por Lula na cidade quatro anos depois.
Nunes tem se aproximado de Bolsonaro e já afirmou que espera contar com o apoio do ex-presidente. Ao mesmo tempo, ele é do mesmo partido da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, uma crítica enfática de Bolsonaro e que apoiou Lula no segundo turno da eleição de 2022 após ficar em terceiro lugar no primeiro turno.
A deputada federal Tábata Amaral (PSB-SP) também lançou pré-candidatura ao comando da capital paulista e conta com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, seu colega de partido. Ela deverá ter como vice o apresentador José Luiz Datena, que recentemente se filiou ao PSB.