A sinalização feita pelo Banco Central sobre cortes futuros de juros “se pagou” e deu bom resultado até o momento, disse nesta sexta-feira o diretor de Política Monetária do órgão, Gabriel Galípolo, ressaltando que indicações positivas do mercado inibem a ideia de que faria sentido mudar a comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom).
Falando em live do Bradesco Asset Management, Galípolo afirmou que o “forward guidance” — que indicou os próximos passos do BC no ciclo de afrouxamento monetário — colaborou para uma menor volatilidade e uma ancoragem em torno da comunicação do Copom, melhorando expectativas para a inflação deste ano e gerando efeito positivo na curva de juros.
“Até agora, dá para dizer que foi uma estratégia que se pagou, que valeu a pena”, disse.
Segundo ele, o mercado também tem feito revisões positivas nas projeções para a taxa terminal de juros.
“Isso reforça uma ideia de que a estratégia de comunicação pode estar indo em um bom caminho e inibe um pouco a ideia de que faria sentido mudá-la, traz menos a discussão sobre mudá-la”, afirmou.
O Copom anunciou neste mês a quinta redução consecutiva de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, que foi a 11,25% ao ano, antevendo reduções da mesma magnitude nas próximas reuniões.
Para o diretor do BC, o país ainda está em uma fase na qual existe espaço para fazer ajuste na política monetária e colher dados para determinar a atuação do BC à frente.
Ele enfatizou que a autoridade monetária está dependente de dados para tomar suas decisões, ressaltando que o BC avalia como a inflação corrente tem sido — ou não — um veículo de transmissão para as expectativas de preços, que estão “parcialmente ancoradas”.
Galípolo disse ainda que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos está se aproximando de nível historicamente baixo, mas ainda segue atrativo para investimentos no país quando comparado com seus pares.
O diretor ressaltou que essa vantagem, aliada ao fluxo comercial, tem assegurado um bom comportamento do real.
Ao destacar mais de uma vez o bom comportamento da moeda brasileira, Galípolo disse que o BC está contente com o regime de câmbio flutuante, que tem apresentado bom resultado.
Segundo ele, a autoridade monetária enxerga preços futuros de commodities em patamar que permite um bom comportamento da balança comercial e do câmbio.