As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa no Brasil, em especial entre os contratos com prazos mais curtos, refletindo a divulgação do IPCA-15 de fevereiro, melhor que o esperado, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries se sustentaram em níveis mais altos durante boa parte do dia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,78% em fevereiro, acelerando ante a alta de 0,31% de janeiro, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a taxa nos 12 meses até fevereiro passou a uma alta de 4,49%, pouco acima dos 4,47% do primeiro mês do ano.
O IPCA-15 é considerado uma espécie de prévia para o indicador oficial de inflação no Brasil, o IPCA.
Apesar da aceleração, o IPCA-15 ficou abaixo das expectativas dos economistas em pesquisa da Reuters, de 0,82% no dado mensal e de 4,52% em 12 meses.
“Este soluço inflacionário já era meio que esperado, mas a gente teve uma boa notícia, com o IPCA-15 um pouquinho abaixo do que se imaginava. Os serviços subiram para 1,13%, mas lá dentro a gente teve uma boa notícia dos serviços subjacentes, que são aqueles que oscilam menos, recuando para 0,65%”, afirmou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes.
O alívio com o IPCA-15 abriu espaço para o recuo das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), principalmente entre os contratos mais curtos, como os de janeiro 2026 e janeiro 2027, em meio à leitura de que a inflação no Brasil permitirá que o Banco Central siga cortando sua taxa básica Selic no ritmo de 50 pontos-base por reunião.
“Havia muita apreensão (com o IPCA-15). Víamos isso na timidez do Ibovespa nos últimos pregões”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“Desde o início do ano havia pressão (de alta) na curva, muito por conta dos dados de inflação. Só que tivemos um dado (do IPCA-15) qualitativamente bom, o que alivia bastante, às vésperas de outros números lá de fora”, acrescentou.
No mercado brasileiro, alguns agentes especulavam, antes do IPCA-15, a possibilidade de o BC, na reunião de política monetária de março, alterar sua comunicação e passar a indicar a tendência de apenas mais um corte de 50 pontos-base no caso, na reunião de maio deixando aberta a possibilidade de redução menor, de 25 pontos-base, em junho.
Com o IPCA-15 melhor que o esperado, houve reforço das apostas de que o ritmo de corte de 50 pontos-base poderá ser mantido em junho.
Para o curto prazo, a curva a termo brasileira precificava, perto do fechamento, 100% de chances de o corte da taxa básica Selic em março ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o BC. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 9,98%, ante 10,032% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,815%, ante 9,912% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,015%, ante 10,107%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,28%, ante 10,359%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,71%, ante 10,767%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries se mantiveram em níveis mais elevados, muito próximos da estabilidade, durante boa parte da sessão, a despeito da divulgação de dados econômicos piores que o esperado.
O índice de confiança do consumidor do Conference Board caiu para 106,7 em fevereiro, ante 110,9 de janeiro. Economistas previam índice de 115,0.
Já o Departamento de Comércio dos EUA informou que as encomendas de bens duráveis caíram 6,1% no mês passado, ante baixa de 0,3% em dezembro. Economistas projetavam queda de 4,5%.
Os yields se mantiveram travados enquanto investidores aguardam a divulgação na próxima quinta-feira do índice PCE de janeiro a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve.
Às 16:44 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento subia 1,60 ponto-base, a 4,3151%.