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A Maldição Econômica do Petróleo persiste

by Plataforma Brasil
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Por Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial.

Caro leitor, dizem que o anúncio de “tragédias anunciadas” raramente é provido de valor, justamente pela precariedade das condicionantes envolvidas e também pela natural dificuldade em se conceber prognósticos precisos.

Contudo, contrariando um pouco essa lógica, aparentemente existe boa carga de previsibilidade em alguns temas de interesse público no Brasil contemporâneo. Quero destacar a atenção para nossa política petrolífera nacional, cujo panorama vigente pode ser bem observado no arrepiante noticiário cotidiano envolvendo os depoimentos de alguns ex-diretores da Petrobrás.

Então, em homenagem ao momento e também em benefício daqueles que não tiveram a oportunidade de ler, vale a pena a reprise de um artigo que publicamos neste corajoso veículo em 03/11/2012.

O contexto: na ocasião estávamos em meio ao conflito entre a celeuma ambiental contra os combustíveis fósseis e os nacionalistas do pré-sal, que nele enxergavam o caminho de solução para todos os males, todas as questões, vislumbrando ali o preludio de um mar eterno de prosperidade e desenvolvimento econômico.

Em tempo, alimento especial carinho pelos dois últimos parágrafos, que, admito, poderiam ter sido melhor elaborados, envolvendo um arco mais completo de potenciais consequências – mas, tudo bem, afinal de contas jamais imaginaríamos um desdobramento tão “engraçadinho”.

Abaixo o que escrevi em 03/11/2012:

A maldição econômica do petróleo

Caro leitor, antes de tudo recomendo que não sofra por antecipação. Este título forte não será refletido aqui em mais uma ladainha em prol das questões ambientais, tentando convencê-lo a abandonar o conforto do seu carro e aderir a uma bicicleta ou, quem sabe, um par de patins (você sabe, patins usam rodas menores e portanto dependem de menos borracha…). Bem, eu sei que ninguém aguenta mais isso.

Ambientalistas, peço que não me joguem pedras (e nem percam o senso de humor). Antes de me condenarem à fogueira no tribunal da inquisição politicamente correta, saibam que não advogo contra a militância ambiental – muito pelo contrário, a considero, quando moderada, inteligente e portanto provida de senso crítico e de realidade, necessária.

Este texto não fará a apologia (e nem tão pouco atacará) às energias limpas e renováveis, mas abordará a temática da acomodação. Sim, ela mesmo, sempre fruto da reação atávica do ser humano e, portanto, de suas sociedades, quando adversidades e complicações cedem lugar ao apogeu, ao remanso, às certezas da prosperidade.

Observamos legiões defendendo a substituição da energia fóssil pelas fontes renováveis, mas pouco se aborda sobre as consequências que um excedente em reservas petrolíferas pode trazer a um país extrativista por natureza, desprovido de incentivos e repleto de obstáculos aos processos do desenvolvimento tecnológico sensível e de inovação.

Aos nacionalistas do pré-sal e aos saudosistas da campanha “O petróleo é nosso”, solicito que compreendam o contexto deste enfoque crítico, que não lamenta a existência de nossas gigantescas reservas e nem tão pouco é insensível ao componente estratégico que representam. Sob esta ótica objetiva, um oceano de vantagens e benefícios, inquestionavelmente.

Mas o fato é que, com tantas certezas, uma insensibilidade pode ganhar força, e ela está diretamente relacionada a tudo o que temos a fazer pela frente para nos tornarmos uma nação verdadeiramente moderna, admirável, respeitada, economicamente sustentável e competitiva.

Sem a devida calibragem em termos de senso autocrítico, as certezas de nossa força petrolífera podem nos levar de encontro ao encadeamento do atraso, respectivamente: imensas certezas econômicas, insensibilidade aos riscos e enfraquecimento dos estímulos científicos intelectuais, dependência extrativista, tolerância e baixa consciência tributária, baixa competitividade, fragilidade econômica, contenção de oportunidades de desenvolvimento social, subdesenvolvimento político, baixa capacitação, miséria.

Quem viver verá. Até a próxima.

É isso! Aqui estamos, vivendo e vendo…

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