Zerar o déficit habitacional do Brasil em 10 anos vai exigir 1,98 trilhão de reais, segundo dados de um estudo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) divulgado nesta quarta-feira.
O levantamento aponta carência de 6,26 milhões de habitações no país e uma demanda por novas nos próximos dez anos de 6,6 milhões.
Considerando os impactos indiretos e induzidos, o investimento total seria de 4,85 trilhões de reais, segundo a entidade.
Esse aporte impulsionaria o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil em 913 bilhões de reais, uma expansão de 8,7%, segundo a pesquisa, resultando na geração de 9,18 milhões de empregos no setor da construção e 25,7 milhões na economia em geral.
Para calcular os valores necessários, a Cbic considerou os preços médios dos imóveis do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) por faixa de renda, sendo a menor, faixa 1, com imóveis no valor de 135.289 reais, e a mais alta, faixa 3, de 272.318 reais.
Para eliminar o déficit imediatamente, afirmou a Cbic, seriam necessários 961,5 bilhões de reais direcionados à produção, montante superior ao volume de recursos anunciados para o MCMV no período de 2023 a 2026, além das contrapartidas, que somam 394,1 bilhões de reais.
Questionado sobre os 11,4 milhões de domicílios particulares vagos no Brasil, segundo o censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o presidente da Cbic, Renato Correia, disse que esses imóveis também exigiriam investimentos.
“Mesmo que sejam esses imóveis identificados e qualificados… Certamente precisam de ajustes, de adaptações, e vão precisar de recursos”, disse Correia a jornalistas, ressaltando que esta seria uma etapa posterior à definição do volume de aportes necessários.
“Estamos em uma fase anterior ao problema do ‘como’, que é saber o quanto nós conseguimos alocar.”
O presidente da entidade defendeu um modelo de financiamento para imóveis que necessitam passar por um processo de renovação e modernização, chamado “retrofit”, e disse que o mapeamento de imóveis vagos é também uma preocupação para a entidade e “talvez um novo mercado”.
A Cbic ressaltou que as estimativas consideraram apenas o atendimento das necessidades (déficit e demanda por novas moradias) por meio da produção de unidades habitacionais, embora o MCMV já tenha incorporado outros mecanismos, como aluguel social e financiamento de imóveis usados.
A entidade ainda destacou que Estados e municípios também possuem políticas públicas relacionadas à moradia, que tornam o hiato atual menor que o estimado.