A cooperação entre a China e a Alemanha não é um “risco”, mas uma garantia de laços estáveis e uma oportunidade para o futuro, disse o presidente chinês, Xi Jinping, nesta terça-feira, em meio a reclamações da União Europeia sobre produtos chineses que inundam os mercados do bloco.
As cadeias industriais e de suprimentos da China e da Alemanha estão profundamente interligadas e seus mercados são altamente interdependentes, afirmou Xi ao chanceler alemão, Olaf Scholz, em Pequim.
“Devemos ver e desenvolver as relações bilaterais de uma forma abrangente a partir de uma perspectiva estratégica e de longo prazo”, disse Xi.
Após o segundo encontro deles em Pequim desde novembro de 2022, os dois passearam pelo terreno da hospedaria estatal Diaoyutai, um amplo complexo de vilas, lagos e jardins onde muitos líderes estrangeiros foram recebidos, como mostraram imagens da emissora estatal CCTV.
A visita de três dias de Scholz à China foi a primeira desde que seu governo lançou uma estratégia de “redução de riscos” no ano passado para evitar depender excessivamente de fornecedores chineses.
Sua visita também coincidiu com as preocupações da UE sobre ameaça às empresas europeias dos produtos chineses, incluindo veículos elétricos e outras tecnologias verdes, que inundam seus mercados.
A presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, reclamou que o excesso de produção da China está sendo injustamente apoiado por subsídios estatais “maciços”.
“As exportações chinesas de veículos elétricos, baterias de lítio e produtos fotovoltaicos não apenas enriqueceram a oferta global e aliviaram a pressão inflacionária, mas também contribuíram muito para a resposta às mudanças climáticas e à transformação verde e de baixo carbono”, disse Xi a Scholz.
“A Alemanha e a China devem estar atentas ao crescente protecionismo e analisar a questão da capacidade de produção de forma objetiva e dialética a partir de uma perspectiva global e orientada para o mercado”, declarou Xi.
Scholz tem sido cauteloso quanto a afastar a China, um mercado importante para a Alemanha, dizendo que a UE não deve agir por interesse próprio protecionista.
No entanto, a concorrência entre a China e a Alemanha deve ser justa, disse Scholz em Xangai na segunda-feira.
“Em algum momento, também haverá carros chineses na Alemanha e na Europa. A única coisa que deve estar sempre clara é que a concorrência deve ser justa”, afirmou Scholz aos estudantes da Universidade de Tongji, no centro comercial de Xangai.
“Em outras palavras, que não haja dumping, que não haja excesso de produção, que os direitos autorais não sejam violados”, disse Scholz.