Passado o Dia Mundial da Poupança (31 de outubro), uma dose de realidade: o brasileiro ainda é muito imediatista e pensa pouco em poupar e acumular patrimônio para o futuro. A constatação é do economista José Dutra Vieira Sobrinho.
De acordo com o especialista, a principal razão para o fato de o brasileiro poupar pouco diz respeito à falta de tradição.
“Até 1994, as elevadas taxas de inflação inviabilizavam qualquer tipo de planejamento; praticamente ninguém elaborava um orçamento doméstico e todo cidadão sabia que, comprando a prazo, o processo inflacionário se incumbiria de viabilizar o pagamento das prestações inicialmente elevadas”, conta Sobrinho.
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Mesmo com o Plano Real e a estabilidade da moeda, esse tipo de pensamento de consumo imediato ficou enraizado na vida dos brasileiros. Além da falta de cultura de poupança do país, a planejadora financeira Lavínia Martins acredita que a falta de hábito de fazer orçamento doméstico ajuda a compreender por que os brasileiros não guardam dinheiro.
Ela explica que é importante criar um objetivo para economizar. “Quando você faz seu planejamento financeiro e estabelece quais sonhos quer realizar fica mais fácil mensurar o quanto será necessário poupar”, diz.
Quem tem o hábito de poupar antes de consumir consegue realizar seus sonhos de forma mais barata e organizada, considerando a ordem de prioridade para a realização de cada um dos sonhos, e construindo-os pouco a pouco, conforme o seu próprio esforço de poupança permite.
“Essas pessoas são mais felizes, porque tem a cabeça ocupada com a construção de metas e saboreiam o caminho, enquanto as pessoas endividadas pagam mais caro pela realização de seus objetivos e muitas vezes não conseguem dormir ou trabalhar bem por causa da preocupação com as dívidas. Poupar para a realização dos sonhos faz bem para o bolso e para a saúde”, diz Lavínia.
Para a planejadora financeira, não é preciso abrir mão do consumo e deixar de fazer coisas que dão prazer. “O ideal é ter equilíbrio, usando um pouco de dinheiro para montar a reserva financeira e outro pouco para o prazer imediato. Os dois não são excludentes, eles são complementares quando a pessoa tem uma vida financeira controlada e saudável”, afirma.
“O que impede a realização dos prazeres imediatos é muito mais o nível de endividamento e desorganização financeira do que o valor do salário ou rendimento que a pessoa ganha”, completa Lavínia.
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Economia no dia a dia
Não existe regra para poupar mensalmente, mas todas as pessoas podem economizar alguma quantia todo mês. Em tempos de inflação, o que tem pesado muito na conta do brasileiro é o gasto com supermercado.
Lavínia acredita que fazer uma lista com os itens necessários antes de ir às compras, buscar marcas alternativas e substituir alguns itens do seu cardápio por opções mais baratas são boas práticas de economia.
Fazer várias pequenas compras durante o mês também pode ser uma boa ideia. “Compre o necessário para a semana, principalmente frutas, legumes e verduras. Além de economizar, também reduz o desperdício”, diz.
Por falar em desperdícios, essa pode ser uma boa oportunidade para rever contas e cancelar serviços que não são mais usados, como os planos de assinatura de TV a cabo e internet. Outa sugestão é procurar fazer reduções nas despesas variáveis, que normalmente são itens de alimentação, vestuário, lazer, transporte e telefonia.
Foto “Thinking about Money”, Shutterstock.