O Tesouro IPCA+, conhecido anteriormente como Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B Principal), teve início de sua negociação em 11/08/2005. Na criação do programa eletrônico do Tesouro Nacional, o Tesouro Direto, havia apenas a negociação de três títulos, sendo eles o Tesouro Selic (LFT), Tesouro Prefixado (LTN) e a NTN-C, um ativo cujo indexador era o indicador de inflação IGP-M, porém não mais negociado no mercado primário já há alguns meses.
Para aqueles que ainda não conhecem ou não possuem muito conhecimento sobre este o Tesouro IPCA+, trata-se de um título pós-fixado, conforme já informa o próprio site do Tesouro: “São títulos públicos cujo valor é corrigido pelo seu indexador. Assim, a rentabilidade do título depende tanto do desempenho do seu indexador, quanto da taxa contratada no momento da compra”.
Estamos falando de títulos cuja rentabilidade é vinculada à variação da inflação (IPCA), acrescida dos juros definidos no momento da compra. Dentre as principais características, podemos incluir também o pagamento de fluxo simples na data de vencimento, ou seja, o investidor recebe todo o dinheiro aplicado mais o reajuste no período.
Por estas razões, o Tesouro IPCA+ proporciona a chamada rentabilidade real (ou ganho real), onde o investidor fica protegido contra a alta da inflação no período de investimento. Levando-se em conta que há títulos com vencimento em até 2050, pode-se afirmar que são boas escolhas para aqueles que visam a aposentadoria.
O investidor disciplinado, que deseja construir suas reservas futuras no estilo previdência privada, através de aportes fixos mensais ou variáveis, a depender da disposição do “bolso” naquele momento, tem no título Tesouro IPCA+ um grande aliado.
Apenas como referência, do estoque total de títulos do Tesouro, os indexados a inflação, como o Tesouro IPCA+ atinge a marca de 60%, se sobrepondo aos demais emitidos. Os títulos prefixados e os indexados a Selic dividem o restante percentual com 20% cada.
Outro grande destaque são as taxas a pagar. Quando comparado aos fundos de investimento, onde as taxas de administração anuais cobradas são de cerca de 1,5%, o custo anual de apenas 0,1% cobrado na Corretora Rico.com.vc (onde atuo como analista) torna-se bastante interessante. Você pode ver mais detalhes sobre isso neste eBook gratuito (clique para download).
A este 0,1% devemos somar 0,3%, cobrados pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), a central depositária da BM&F Bovespa que é responsável pela guarda de ações e títulos no país, trazendo inclusive maior segurança para o investidor.
Ademais, nos fundos de investimento temos o chamado come-cotas, que antecipa a cobrança de Imposto de Renda (IR) a pagar sobre os rendimentos de forma semestral, nos meses de maio e novembro, retirando assim parcela importante de recursos ano a ano, e que pela conta de juros compostos poderia fazer diferença no valor final de resgate.
Pensando no longo prazo, mais precisamente em previdência, outro diferencial positivo de investir no Tesouro IPCA+ tem a ver com a proteção contra a inflação, algo que já citei com alguma ênfase. No gráfico abaixo, apresento a variação do prêmio pago ao investidor ao longo dos anos até o término de 2015.
Repare que a taxa atual, acima de 7%, perdura apenas por prazos curtos, em momentos de maior volatilidade do mercado e com maior destaque para o teto atingido, próximo dos 9%, que ocorreu em duas ocasiões, sendo no momento do lançamento do título e na crise de 2008.
Além desta informação, vale ressaltar que a média do prêmio (juros) pago pelo governo é de 6,4% desde o seu início, ressaltando que nos encontramos em um bom momento para novos aportes que visam o longo prazo, uma vez que as taxas pagas estão (bem) acima da média.
Agora falemos sobre o risco, algo demasiadamente questionado. Neste caso, vale citar que menos de 2% da dívida pública federal está nas mãos de pessoas físicas e, portanto, cerca de 98% está em poder de investidores estrangeiros, instituições financeiras, bancos de investimento, empresas que utilizam os títulos do governo como algum lastro de garantia, entre outros.
Caso o governo dê algum calote nestes títulos em decorrência de alguma grande crise nas contas, certamente grandes investidores e instituições seriam prejudicados de forma ainda mais intensa, colapsando o sistema financeiro, algo bastante improvável no atual cenário. O risco de isso acontecer é pequeno.
Pensando mais a fundo, todo investimento possui risco como inclusive a poupança, que em março de 1990 foi confiscada. No caso dos títulos públicos, como mencionei anteriormente, trata-se de um risco bastante baixo, configurando o que chamamos de risco soberano (o risco de o país quebrar é muito menor que o de bancos e instituições quebrarem).
Sendo assim, vejo que, de forma absoluta, estamos em uma ótima oportunidade tanto para aqueles que querem investir visando o médio prazo, quanto para aqueles que já pensam no longo prazo e em sua aposentadoria. A hora é ótima para comprar títulos Tesouro IPCA+ com estes objetivos. Obrigado e até a próxima!
Leitura recomendada: Tesouro Direto: Aprenda tudo sobre este investimento sem pagar nada!
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Foto “Retired”, Shutterstock.