Ana Clara comenta: “Navarro, tenho lido sobre finanças no pouco tempo livre que tenho e ainda fico confusa com o significado de riqueza. Trabalho muito, mas continuo tendo que economizar demais para sobreviver, enquanto tenho amigas que parecem trabalhar menos que eu e são mais felizes e prósperas. Tem algumas dicas para mim? Obrigada”.
A definição de riqueza é muito ampla e também subjetiva, passando por praticamente todas as áreas da vida. Há muitas crenças falsas ou parciais em torno deste assunto e é importante refletirmos sobre algumas delas. Separei cinco mitos sobre a riqueza que, se não forem eliminados da sua vida, poderão te deixar distante dela.
Mito 1: Riqueza é ter muito dinheiro
Esse é o mais clássico de todos os mitos. O problema com esse pensamento é o foco. Ele é colocado na obtenção de dinheiro e na quantidade a ser buscada, levando pouco em consideração os meios para se obtê-lo e a satisfação gerada durante o processo.
A fonte máxima de riqueza são as pessoas, então ganhamos dinheiro quando geramos valor genuíno para elas. Para gerar valor, você precisa alinhar seu trabalho com os seus propósitos de vida. Pense em coisas que você gosta de fazer e que podem ser úteis para outras pessoas ou empresas.
No entanto, tenha cuidado para não trair seus propósitos e buscar atalhos que até podem acelerar seu enriquecimento financeiro, mas que vão destruir relacionamentos e deturpar a percepção de valor em relação a você. Ter dinheiro é bom, mas isso só pode ser chamado de riqueza se vier com alegria e paz interior.
Mito 2: A riqueza é obtida com uma vida muito ocupada
A questão aqui não é o quão ocupado você está, mas que tipo de ocupações você tem. Estatisticamente, cerca de 75% de nossas atividades diárias não estão dirigidas aos nossos objetivos de enriquecimento. Basta ver a quantidade de tempo que as pessoas desperdiçam diante de um aparelho de TV em detrimento de diversas boas leituras.
Outro problema é a priorização. Quando você tem um volume grande de tarefas a executar, precisa aprender a priorizar aquelas que farão diferença para que você alcance aquilo que deseja. O restante precisa esperar.
Não se esqueça que tempo é mais valioso que dinheiro, pois este último, se você perder, tem condições de reaver; o tempo não volta (e você não pode compra-lo com dinheiro nenhum deste mundo).
A moral aqui é simples: estar ocupado, “trabalhar duro”, ter uma agenda cheia e coisas deste tipo não significam que você trabalha certo. O trabalho em prol da riqueza é aquele que está alinhado com suas prioridades, simples assim.
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Mito 3: A riqueza é algo que alcançamos no futuro
Precisamos ter cuidado com este conceito, que se confunde com a disciplina de um bom planejamento. É fato que precisamos plantar hoje para colher amanhã, mas sacrificar o presente de forma demasiada cria um hábito de pobreza, de escassez, onde a vida hoje deve ser restrita em prol de um futuro farto (mas que nunca chega).
Cuidado para não se tornar um sovina (o famoso “pão duro”). As sucessivas experiências de privação e insatisfação vão se tornando um hábito, impedindo que você viva uma vida rica. Pense no futuro, mas desfrute o hoje também, com responsabilidade e dentro de suas condições. Há muitas experiências maravilhosas e baratas (algumas não custam nada).
Eu gravei um vídeo falando um pouco mais sobre isso, assista-o e veja se concorda comigo:
Mito 4: A riqueza é conquistada na luta diária pela sobrevivência
Sim, é nobre levantar cedo todos os dias e encarar aquela luta ferrenha para conseguir recursos para suprir as necessidades do lar. As dificuldades que enfrentamos na vida podem ser realmente grandes e a maioria das pessoas gasta muita energia tentando vencê-las. Mas há problemas nisso.
Trabalhar para sobreviver é passar a vida toda fazendo algo sem sentido para nós. São tarefas necessárias, que realizamos porque há demanda da sociedade e das empresas, mas que na verdade não gostaríamos de fazer. Então vamos nos acostumando com elas e não pensamos em como trabalhar para construir riquezas de verdade.
Nunca perca tempo e oportunidades de estudar mais. Aprenda como aplicar melhor seus próprios talentos em trabalhos que gerem mais satisfação e que sejam mais valorizados pela sociedade. Então será possível deixar de sobreviver para começar a viver (e enriquecer).
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Mito 5: A riqueza é algo para as pessoas competitivas
Você não precisa ser competitivo para ser rico. Aliás, a competição pode trazer sérios prejuízos ao longo do caminho. Quem compete demais, termina por colocar atenção demais no adversário em vez de focar no que realmente o fará ter uma vida mais próspera.
O resultado de estar sempre competindo com os outros é que você desenvolverá mais habilidades predatórias, com o objetivo único de superar os outros. Riqueza de verdade vem de desenvolver formas de trabalhar em parcerias, somando seu trabalho ao dos outros para alcançar algo ainda maior, onde todos poderão se beneficiar.
Competir como parte de um mercado, como empreendedor e empresário é absolutamente normal e necessário, portanto não confunda concorrência (que é saudável) com viver competindo com tudo e todos. As pessoas que precisam provar seu valor não aprendem a desfrutar das próprias conquistas, uma vez que tudo que criam e alcançam serve apenas como fator de comparação. Cuidado com isso!
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Conclusão
Ser rico de verdade é muito mais do que ter um bom patrimônio. A riqueza, com sua linda subjetividade, é a capacidade que possuímos de experimentar uma vida plena, em que desempenhamos tarefas alinhadas com nossos propósitos de vida e criamos relacionamentos prazerosos e duradouros ao longo do caminho, colecionando maravilhosas e inesquecíveis experiências.
Mas, e o dinheiro? Ele é só um instrumento que, se bem utilizado, facilita todo processo e contribui para mais qualidade de vida e realizações.
Foto “thoughtful”, Shutterstock.