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Filhos e dinheiro: uma relação que precisa começar do jeito certo

by Renato De Vuono
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Esses dias minha cunhada me perguntou: “Você fala de dinheiro com o Pedro? Qual a relação dele com o dinheiro?” Confesso que fui pego de surpresa, afinal, como educador financeiro, estava eu educando meus filhos?

Tudo a seu tempo

Vivemos em uma sociedade patologicamente ansiosa. Assim, temos pais ansiosos, que geram filhos ansiosos e a coisa só piora.

Com o bombardeio diário de informações do tipo “faça aquilo, faça isso”, somos a geração de pais que mais sentem culpa e ansiedade por não conseguir atingir o grau de perfeição dos gurus de plantão.

O Pedro, meu filho mais velho, tem 5 anos recém completos. Nessa idade, a criança deveria (não é regra) ao menos saber que o dinheiro existe, para que serve e de onde vem.

E foi exatamente isso o que perguntei a ele que prontamente respondeu: “serve para comprar as coisas e precisa trabalhar para ‘comprar’ dinheiro“.

Sim, meu filho de 5 anos já tem a clara noção de que, de fato, nós “compramos dinheiro” com nosso tempo e esforço. Quanto orgulho! Já devo ter falado disso em outro texto, mas sinceramente, não me lembro em qual.

Bom, constatei que o trabalho está sendo bem feito, e a próxima etapa, quando ele se mostrar preparado, é começar a ensiná-lo noções de grandeza, preços, caro e barato, quais são as notas, e assim vai.

A parte importante disso, caro leitor, é respeitar o tempo dos pequenos. Não queria dar mesada ou semanada para uma criança jovem demais, sem que ela esteja, de fato, pronta pra isso.

Principalmente não faça isso só porque leu em um livro ou blog. Respeite o tempo, que tudo dará certo.

Ebook gratuito recomendado: Como falar sobre dinheiro com o seu filho

A função educativa da “mesada ou semanada”

Há muita discussão sobre dar ou não a tal mesada ou semanada, e quando começar. Para responder a segunda pergunta, voltamos ao tópico anterior: quando a criança se mostrar pronta para tal.

A escola do meu filho, por exemplo, permite o acesso à cantina dos pequenos a partir do primeiro ano. Normalmente as crianças estão com 7 ou 8 anos de idade.

Nesse ponto, se ele não levar lanche de casa, vai precisar começar a lidar com dinheiro. Esse é um indicativo, não significa que ele estará pronto.

Sobre “dar ou não”

Eu sou a favor de dar mesada, mas atento a alguns pontos importantes:

  • No eBook, “Pai Dinheiro“, chamo a “mesada” de “remuneração infantil”, pois acredito que, a primeira função é introduzir a ideia de “dinheiro trabalhado”. Assim, seu recebimento, deve estar atrelado as boas práticas escolares, afinal, esse é o único trabalho de crianças e jovens (comportar-se bem em sociedade é obrigação).
  • Cuidado com os excessos nas “bonificações” por boas notas ou punições pelo não atendimento das metas combinadas. Estabeleça metas possíveis. O mundo já é difícil demais para ter os pais dificultando mais ainda.
  • Sobre “o quanto dar”, é um ponto sensível, e deve estar adequado ao seu orçamento. PORÉM (com letras enormes), há algo que é importante e deve ser respeitado: “a remuneração não pode ser tão pequena que cause frustração e nem tão grande que cause displicência; quando se tem tudo, perde-se a capacidade de sonhar.”
  • Ainda sobre valores, é melhor faltar um pouco, do que sobrar. Essa é uma oportunidade incrível para ensinar o hábito de poupar. Cofrinhos são ótimas ferramentas nesse processo.
  • Quanto mais jovens, menor deve ser o intervalo de tempo para o pagamento, já que crianças com pouca idade tem uma relação mais imediata com o fator tempo, portanto, a semanada funciona melhor nesse caso. Os mais jovenzinhos já podem passar para a mesada. Basta notar como seu filho ou filha lida com o fator tempo.

Aproveite e baixe o eBook “Pai, Dinheiro!” onde vou bem fundo no tema educação financeira infantil, preparação dos pais para o futuro dos herdeiros, e temas relacionados. Inclusive falo de como introduzir a ideia de empréstimo e juros. Não perca!

Menos neura, mais ação

No início falei sobre sermos a geração de pais mais neurótica de que se tem notícia, e como isso é ruim para nossos descendentes. Por isso, vou repetir algo que escrevo constantemente: não existe certo ou errado.

Não é porque está lendo esse texto que precisa ficar “boladão” (ou boladona) achando que faz tudo errado, ou, se achando o melhor de todos, porque faz “tudo certo”. Nada disso. O que vale é encontrar um ponto que faça sentido para você e não penalize sua família.

Dar ou não mesada, qual a idade para falar de dinheiro, quando começar a dar mesada ou qualquer outra coisa relacionada ao tema… Para todas essas coisas não existe uma regra imutável.

Boas decisões são tomadas por pessoas observadoras, que respeitam o tempo e a natureza das pessoas e da vida.

Assim, faça o que julgar melhor para sua família, após filtrar as informações que julgar relevantes e que possam ser transformadoras. Mas repito: as informações devem inspirar, e não deprimir, combinado? Em vez de se lamentar, aja.

Leitura recomendada: Pais, ensinem seus filhos a construírem sua própria riqueza

Conclusão

Cada criança é um papel em branco, onde temos a tarefa hercúlea de ajudá-las a pintar que tipo de seres humanos se tornarão.

E acredite, elas não serão nem 15% daquilo que, equivocadamente, “planejamos” para eles em nossas cabeças, e essa é a beleza da coisa.

Iluminar os possíveis caminhos de forma que eles façam suas próprias escolhas; e para isso, dar o máximo de ferramentas possíveis.

Para finalizar, lembre-se: mais do que falar, seja o exemplo. Uma atitude sua será copiada e valerá mais que mil palavras que serão facilmente esquecidas. Para você e sua família, uma vida plena e próspera!

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