Artigo escrito pelo leitor Enio Luiz Vedovello*
Este texto pretende dar algumas dicas para você que pretende ser seu próprio patrão. Seu négocio. Você já sabe que é preciso avaliá-lo e planejá-lo antes de começar, certo? Isso evita futuros aborrecimentos e dores de cabeça. Quero falar sobre isso. Antes, reitero que não tenho formação administrativa. O que vou expôr aqui é baseado nas poucas noções que recebi durante a faculdade, no bom senso e na experiência de vida.
Dito isso, peço que algum administrador (de fato) complemente, corrija e colabore com este texto. Sinta-se livre, eu e os demais leitores queremos continuar aprendendo. Bom, uma demissão, uma indenização e um sonho são algumas das razões que levam diversas pessoas a criarem suas empresas. “Cansei de trabalhar para os outros”, “não quero mais receber ordens de ninguém” ou “quero ganhar mais dinheiro” são frases comuns nesses casos.
Não quero questionar a validade das razões, mas é importante lembrar que decisões excessivamente emocionais podem ser perigosas. Como o Navarro sempre diz, dinheiro e emoção não combinam. Envolvidas pela emoção, as pessoas comumente se esquecem de dois detalhes fundamentais: planejamento e bom senso. Sem estes detalhes, acabam tornando-se sérias candidatas à quebradeira, falência e frustração. O detalhe está na preparação ante a decisão.
Certo, entendi. E daí, o que eu tenho de fazer?
Aqui enumero alguns passos básicos que julgo importantes e inerentes à questão:
1. Conhecer o negócio (o desafio): muita gente se entusiasma ao ver outras pessoas se dando bem em atividades aparentemente fáceis e resolve seguir o mesmo caminho. Ah, se fosse fácil assim. Quem não se lembra da moda de querer ter uma pousada na praia? Pois é, passou! Cada negócio tem suas particularidades e “manhas” e o mínimo que o futuro empresário deve fazer é procurar conhecê-las antes de se aventurar. Quem sabe repensar o ramo pretendido de atuação não seja uma idéia melhor? Abrir um negócio significa ter que responder questões difíceis, prepare-se.
2. Conhecer o mercado: ter um carrinho de cachorro-quente funcionando na saída do Morumbi em dia de clássico, ou de show de rock, pode ser garantia de bons lucros. Mas e os outros dias, como fica? Ou nos períodos do ano sem campeonato? Vale a pena preparar-se para uma multidão e correr o risco de perder mercadoria? Ou de ter menos capacidade de vendas e perder clientela? Quem são seus concorrentes?
3. Conhecer a localização: se você conseguir ter o primeiro trailer da saída do estádio, pode ter grande chance de sucesso. Será que se você for o vigésimo trailer, terá o mesmo sucesso? Um trailer na rua de trás vai vender tanto quanto o outro na saída do estádio? Ponto é (muito) importante. Você deve ser o primeiro a se perguntar: onde?
4. Estabelecer diferenciais: conhecendo melhor o negócio, o mercado e o ponto, você deve ser capaz de estabelecer diferenciais que levem a clientela até você. Mais, você precisa realizar a segunda venda, a terceira etc. Vender de novo é difícil. Como? Serviços de entrega e marketing eficientes, produtos de qualidade, atendimento personalizado, respeito, honestidade e por ai vai. Sem diferencial, sem clientes.
5. Saber a diferença entre faturamento, lucro e pró-labore: muita gente começa um negócio, vende uma determinada quantia e acha que “ganhou” aquele dinheiro e pode fazer dele o que quiser. Engano terrível. Desse dinheiro que entrou (faturamento) é preciso tirar a amortização do investimento inicial, a reposição de mercadorias vendidas (giro) ou matérias primas consumidas, as despesas fixas, custos de produção, depreciação, impostos etc. O que sobra depois de tudo isso é o lucro (grosso modo). E parte deste lucro ainda deve ser utilizada para ampliação do próprio negócio. Ih, ficou só com um pouquinho nas mãos? Ninguém disse que seria fácil.
6. Não ter medo de trabalhar: ter um negócio próprio não é nenhuma garantia de viver num mar de rosas. Na maioria das vezes, é sinônimo de trabalho árduo e mais pesado e dedicado que na época do emprego e do salário fixo. Nenhuma empresa de destaque nasce da noite para o dia. Aceite que a sua empresa não vai ser um grande sucesso desde o primeiro momento. Essa é a graça e o retorno será proporcional ao seu esforço. Trabalhar para si mesmo exige disciplina e atenção redobrada. Reinventar-se faz parte do dia-a-dia de um grande empresário.
Gostaria de ter dito mais coisas, mas o artigo já está extenso demais. Não, não pense que o assunto se esgotou. Se o Navarro concordar e os leitores assim o quiserem, explico em um outro texto como calcular a viabilidade de um negócio antes de dar o passo sem volta (fechar uma empresa aqui é quase impossível) de empregar o capital. Já ouviu falar de VPL e TIR? Fica pra próxima.
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* Nota: A opinião do leitor não representa, necessariamente, a opinião do autor do blog, Conrado Navarro. Este espaço é aberto a todos que queiram participar. Envie seu artigo para avaliação e tenha seu texto publicado. A discussão em torno da educação financeira só tende a melhorar as suas (e as minhas) decisões. Vamos lá, o que está esperando?
Crédito da foto para Marcio Eugenio