O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, começa na próxima quarta-feira (26) o chamado “silêncio” de sua diretoria no qual precisam evitar entrevistas, discursos ou encontros em que os assuntos econômicos do Brasil ou do mundo estejam em questão.
A reunião que definirá a taxa Selic acontecerá no próximo dia 2 de agosto, quando ampla maioria do mercado antecipa uma queda de 0,25 ponto percentual, levando-a para 13,5% ao ano. O juro está em 13,75% desde 4 de agosto de 2022.
O silêncio se estende até a publicação da ata do encontro, que está marcada para 8 de agosto. Este momento de quietude dos diretores, contudo, está sendo questionado por parte do mercado, já que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou um homem de sua confiança para fazer parte do Copom, Gabriel Galípolo.
“Ponte importante”
Segundo o ministro, a nomeação do ex-secretário executivo da Fazenda para o BC tem como objetivo aproximar as equipes dos dois órgãos e evitar ruídos de informações. “O objetivo de Galípolo estar no Banco Central é aproximar as equipes, ter uma interação maior, trocar informações. Nem sempre as informações batem”, declarou.
Haddad reiterou que a desaceleração da atividade econômica está forte e que Galípolo “será uma ponte muito importante” num momento que exige cautela. A troca de informações já teria começado. Os dois se encontraram para um almoço na quarta-feira (19), fora da agenda oficial, apenas uma semana depois da nomeação do novo diretor de política monetária.
Sabe nada, inocente
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, faz um alerta para as possíveis grandes movimentações de mercado durante os próximos dias e sugere uma maior cautela.
“Embora parte dos agentes, mesmo que movidos pela inocência, aposte no pleno cumprimento da regra de silêncio, ainda haverá ciência sobre os receios que permeiam o mercado”, provoca o economista em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira (21).
Ele ressalta que todas as atenções estarão voltadas os grandes movimentos, “visto que muitos players poderão valer-se do efeito manada nos preços dos ativos para melhorar seus pontos de entrada e saída das operações, tornando inequívoca a perspectiva de elevação da volatilidade. É importante salientar que em dias de mercado ‘arisco’, os volumes necessários para conseguir alterar o comportamento dos preços dos ativos são sensivelmente menores”, conclui.