O trabalho de um investidor é o de procurar ações interessantes, comprá-las e, então, cuidar delas para ver se está tudo bem. Esse processo da compra de uma ação é a coisa mais fácil do mundo: basta enviar algum dinheiro para uma corretora e comprar as ações pelo sistema on-line conhecido como home broker.
Ficar de olho na ação é mais fácil ainda: bastar gastar alguns minutos diários de “baby-sitting” junto do ativo que o trabalho está completo. Mas, então é só isso mesmo? Não existe a parte difícil?
Infelizmente, existe sim! A parte difícil é justamente o começo: procurar ações interessantes, de empresas com bons fundamentos, ótimo histórico de crescimento e que sejam “limpa” aos olhos do mercado e da lei. Executar bem esse passo não é tão simples e pode complicar as coisas.
A fase de aprendizado
É verdade que dá trabalho descobrir qual ação comprar e em qual momento. Para muitas pessoas, esse trabalho pode ser quase impossível, pois requer uma boa análise, que por sua vez requer dedicação, tempo e suor – características cada vez mais raras nos dias atuais.
O resultado é que os investidores mais impacientes ignoram a escolha das ações, compram qualquer tranqueira com um nome bonito (ou seguem dicas ruins) para, no final, inevitavelmente perderem dinheiro. E mesmo aqueles que fazem suas análises com o mínimo de bom senso, perdem dinheiro com uma frequência alta apenas porque são iniciantes.
Logo, chegamos a uma primeira conclusão importante: os erros e as perdas são inevitáveis no começo. Porém, esses problemas podem ser vistos pelos investidores de uma das duas maneiras: como “perdas” ou como “custos de aprendizado”.
Os investidores que chamam esse dinheiro perdido de “custos de aprendizado” estão corretos porque, como as próprias palavras indicam, ao perder dinheiro ele aprendeu alguma coisa. Aprendeu, com os seus erros, a investir melhor.
Por outro lado, aquele que vê uma perda como uma perda e nada mais, possui uma chance muito maior de fazer bobagens sem aprender nada e perder cada vez mais dinheiro. Esse perfil costuma desistir e passa a advogar contra: “Investir em renda variável não funciona! É impossível ganhar dinheiro na bolsa” é o que costumo ouvir.
O período de treinamento
Aqueles que perdem dinheiro, mas aprendem com os erros, aos poucos param de errar tanto, deixam de perder dinheiro e, finalmente, começam a ganhar. Mas as coisas também não são assim tão fáceis, pois a maioria dos investidores precisa suportar toda essa fase de perdas e aprendizado para chegar aonde deseja: nos lucros.
Não importa quantos livros você leia ou quantos trades imaginários faça, mesmo utilizando o melhor dos simuladores da bolsa, a verdade é que o início de qualquer investidor é tenso e complicado.
No caso de um investidor que possui alguma outra renda e não depende dos resultados dos investimentos para sobreviver, o problema não é muito sério. Mas se você depende dos lucros para poder continuar investindo, aí a tensão pode crescer a ponto de estragar todo o seu equilíbrio emocional.
E o que acontece em decorrência disso? Obviamente, você perde dinheiro. Assim, costumo dizer que se tornar um investidor comum (que investe um pouco de dinheiro todos os meses) não é tão fácil assim, mas se tornar um investidor autônomo (que depende dos rendimentos), além de ser muito mais difícil, é também muito estressante.
A conta, por favor!
Outro ponto que dificulta bastante o sucesso de um investidor na bolsa de valores é o quão bem ou mal capitalizado ele está. Quem acha que pode investir em ações sem pensar nos custos da plataforma, corretagem, custódia, emolumentos e etc., poderá até sair ganhando dinheiro no papel, mas na hora de terminar a operação, verá que metade dos seus lucros foram apenas para pagar as taxas.
E apesar de ser possível investir bem com pouco capital e reduzir essas taxas ao máximo, é inegável a vantagem do investidor que já tem um bom patrimônio disponível. Esse investidor gastará, proporcionalmente, quase nada com taxas, poderá negociar ações de valores mais altos e operar no mercado integral ao invés do fracionário.
Sua slippage (diferença do preço desejado da compra ou venda para o preço real da compra ou venda) será muito menor e, de modo geral, seus lucros serão maiores. Isso sem contar o conforto de saber que um lucro de 10% sobre muito dinheiro poderá ter alguma utilidade verdadeira em vez de servir apenas como um trocado que mal paga uma conta de luz.
Para concluir, tornar-se um investidor de sucesso não chega a ser tão difícil assim, mas com certeza é bastante trabalhoso. O investidor que pretende se dar bem na bolsa, ou em qualquer outro mercado, deve aprender ao máximo com os seus erros e perdas.
É importante suportar bem a fase de aprendizado, por mais dolorosa que ela seja, e, também operar mais capitalizado – ou o processo será mais demorado. Felizmente, no final das contas o caminho do sucesso é simples e parecido com o de várias outras áreas e profissões.
Para se dar bem, basta que você esteja disposto a aceitar o desafio e então, com estudo, dedicação, disciplina e estratégia, lute até o fim. Boa sorte e bons investimentos!
Foto: divulgação do autor.