A economia da zona do euro continuará crescendo nos próximos anos e é improvável que experimente uma recessão profunda ou sustentada, disse o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, nesta sexta-feira.
A economia do bloco de 20 nações que compartilham o euro estagnou nos últimos três trimestres, já que a manufatura está em profunda recessão, e economistas não veem recuperação neste ano, apontando para um crescimento do PIB apenas ligeiramente positivo em 2023.
“Há muitas razões para acreditar que a economia europeia crescerá nos próximos anos”, disse Lane em um podcast publicado pelo BCE.
Um argumento importante é que a economia da zona do euro ainda não alcançou sua tendência pré-pandemia, portanto esse processo de recuperação deve impulsionar o crescimento.
“Estamos bem abaixo do nível da economia que poderíamos esperar (se) a pandemia não tivesse acontecido”, disse Lane. “É esse tipo de tendência que esperaríamos que surgisse com o tempo.”
Os preços da energia estão acentuadamente mais baixos do que nos meses iniciais da guerra da Rússia na Ucrânia e isso também acabará por chegar aos consumidores, deixando as famílias com maior renda disponível, argumentou Lane.
“Com o tempo, as famílias devem estar em uma posição financeira melhor”, disse Lane.
O BCE tem aumentado as taxas de juros em um ritmo recorde para esfriar a demanda e a inflação, mas Lane argumentou que o BCE não quer conduzir a demanda de forma “profundamente negativa” e o objetivo é apenas garantir que ela cresça mais lentamente do que a oferta.
O BCE espera que a economia da zona do euro cresça 0,9% este ano e 1,5% no ano que vem, embora alguns economistas considerem essas previsões muito otimistas.