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A abertura de capital: estréia na bolsa de valores

by Conrado Navarro
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Por que uma empresa abre seu capital?André comenta: “Navarro, estou aprendendo muito com o Dinheirama. Tenho 20 anos e em breve devo ingressar no mercado de ações (pensando lá na frente, no longo prazo). No entanto, ao ler mais sobre o assunto uma dúvida (simples?) apareceu: Quais são as razões para uma empresa abrir seu capital e estrear na Bolsa de Valores? Obrigado.”
Janaína pergunta: “Navarro, por que uma empresa decide abrir seu capital?”

A decisão de abrir o capital não é das mais triviais, mas seu impacto é muito grande tanto no dia-a-dia da organização, quanto em seu futuro. Emitir ações – pulverizar o controle da empresa e negociar parte de seu controle na bolsa de valores[bb] – significa deixar de ser uma empresa com sócios pré-estabelecidos em contrato (modelo de empresa LTDA.) e passar ao modelo aberto, inclusive tendo que divulgar informações e resultados periodicamente e de forma padronizada.

Não é tão simples…
É difícil afirmar exatamente qual a razão para esta ou aquela empresa ter decidido abrir seu capital, mas certamente um dos fatores mais óbvios é o acesso a um capital (dinheiro) mais “barato” para financiar sua expansão e seus planos de investimento. Abrir capital significar financiar-se com capital próprio, dinheiro melhor que aquele emprestado por terceiros, mas também mais exigente.

Capital próprio? Mais exigente? Cabe um parentesis: é comum notar empresas contraindo dívidas para alavancar seu crescimento. Elas financiam seu crescimento (capital de terceiros), mas, claro, buscam retorno maior que os custos do capital tomado. Isto se chama alavancagem. Com o dinheiro de acionistas (capital próprio), ocorre a mesma coisa, mas normalmente os donos querem muito mais retorno, e em menos tempo, que as instituições financeiras.

O uso da abertura de capital e das emissões posteriores de ações é parte de um processo de captação de recursos com poucas limitações. Enquanto financiamentos ou o uso de capital de terceiros muitas vezes trazem consigo questões operacionais muito específicas (amortização, prazo para pagamento, resgate etc.), a emissão de ações requer apenas que existam investidores interessados na empresa.

É claro que o processo de abertura de capital não é simples, já que requer adequação da empresa e auditoria de bancos de investimento e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que deve autorizar, ou não, a operação. No entanto, os benefícios da alavancagem através de capital próprio superam eventuais contraposições operacionais. Cabe lembrar que as normais para abertura de capital são rígidas, como era de se esperar.

Outro aspecto importante e bastante diferente de um empréstimo tradicional, que tem rendimento ou pagamento definidos, é que o retorno aos acionistas[bb] depende do desempenho da empresa. A gestão, conclui-se, terá que ser mais participativa e focada, já que será muito mais cobrada. Isto se traduz em um custo de capital mais baixo, o que garante maiores chances de retorno e crescimento para a empresa.

O que mais? Para a administração da empresa como um todo, abrir o capital também significa facilitar eventuais compras e fusões. Sim, porque as ações podem ser usadas nestas operações, nos conhecidos modelos de troca de controle acionário. Em essência, negociar ações é negociar parte(s) da empresa, em função semelhante àquela existente na divisão de cotas no modelo de empresa LTDA.

Além disso, se for de interesse dos donos da empresa, estes podem converter suas ações em dinheiro[bb], bastando para isso negociá-las na abertura de capital ou em processos auxiliares de emissão. Para esta característica, o jargão técnico correto é liquidez patrimonial – que representa a facilidade, ou não, da transformação de patrimônio em dinheiro.

Acredito, ainda, que a abertura de capital seja muito benéfica para o país. O processo cria uma cultura de fomento de capital inteligente e exigente, que aplica em empresas que prezam pelo crescimento e representação da nação. Empresas de capital aberto são monitoradas de perto por investidores[bb] do mundo todo e, assim, tendem a ser melhor gerenciadas.

Como assim? Ao abrir seu capital, a empresa está tornando públicos os seus dados financeiros e de controle, o que acirra a competitividade e aumenta a necessidade de melhor governança. Tais efeitos, aliados ao olhar sempre atento do acionista, tendem a gerar mais empregos e a maximizar a participação da empresa tanto no mercado nacional, quanto internacional. A empresa cresce, o país também.

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Crédito da foto para stock.xchng.

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