Por Gustavo Chierighini (@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Caros leitores, iniciarei o texto com uma breve retrospectiva do ano de 2012, que não foi um ano fácil. Mais do que isso, foi um ano difícil de entender, repleto, como sempre, de perdas e êxitos.
A cidadania em 2012
No campo institucional, o julgamento do Mensalão se destaca como uma clave em favor da institucionalidade, com atenção especial para o relator do caso e agora presidente do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa.
Não merece menos destaque a defesa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que o dito Mensalão mineiro seja julgado, com o mesmo rigor, num claro posicionamento em prol da naturalidade com que devemos encarar a apuração de suspeitas envolvendo políticos e importantes lideranças e seus inevitáveis desdobramentos jurídicos.
A economia em 2012
No front econômico, vivenciamos o fim do ufanismo, que, ao que parece, caminha mesmo para se tornar algo fora de moda e de contexto. Penso que isso não ocorre simplesmente por não termos o que comemorar, mas talvez por nos conscientizarmos de que festas e trombetas antes da hora geralmente trazem o efeito inverso. A velha síndrome do “jogo ganho” nunca dá certo.
O melhor é prosseguir trabalhando e construindo, com disciplina, com realismo, descartando o pessimismo e o otimismo exagerado. Ai sim geralmente os resultados surpreendem.
E não foi fácil terminar o ano com o crescimento pífio que tivemos, ainda mais em um modelo de capitalismo tão pouco livre. Não, engana-se quem pense que defendo o liberalismo econômico radical, mas também não me empolgo com a carga de intervenção estatal que pouco a pouco se perpetua como modelo.
Essa ingerência espanta investidores, deprecia a percepção de uma boa gestão de riscos e, por fim, dilui o chamado “espírito animal” do empresariado, que precisa viver sem tantas amarras, em um ambiente jurídico mais seguro e ágil, com regras (é claro!), porém mais claras e estáveis.
Os escândalos de 2012
De resto, o de sempre: denúncias e mais denúncias, escândalos e novos escândalos. Mas o fato é que avançamos sim. Vagarosamente, gradualmente, mas avançamos, protegidos de efeitos mais perversos e desastrosos, justamente por sermos uma sociedade tão plural – tão difícil de interpretar e analisar e economicamente tão diversa e ampla.
Como escutei recentemente de um empresário espanhol que veio para ficar (sic) na esteira da crise que assola a Europa, “não existe país no mundo com melhor perspectiva de progresso econômico e social do que o Brasil”. É bem possível que ele esteja certo, e é essa torcida.
Mas, não podemos nos acomodar e nem tão pouco abdicarmos do cultivo de um certo ceticismo crítico. E eu não tenho nenhuma dúvida de que é justamente isso que garante a perpetuidade das grandes nações. E os meus votos vão nesta direção.
O que esperar de 2013?
Desejo que lutemos com afinco pelo que acreditamos como país, mas sem perder o senso crítico. Quero um Brasil plural, sem grupos de exceção, confiante no seu futuro, mas certo de que o futuro se constrói no presente, e muitas vezes com suor e lágrimas.
Desejo uma democracia ainda mais livre, menos estatal, mas sem radicalismos liberais econômicos. Rogo por uma sociedade mais atuante, exigente, ciosa de seus direitos e vigorosamente credora do retorno que se deve esperar pelos tributos pagos.
Por fim, quero o império do contraditório, onde todas as forças políticas passem a conviver com o antagonismo de uma oposição competente, nos permitindo rever opções e corrigir caminhos.
Por fim, rogo por um ano de progresso, onde mais uma vez sejamos exitosos em construir as bases necessárias para uma trajetória estável e sólida de evolução, servindo para todos os outros anos que virão. Mesmo que seja assim, de forma gradual.
Que o ano de 2013 seja especial para todos nós! Até o próximo.
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