Por Gustavo Chierighini (@GustavoChierigh), fundador da Plataforma Brasil Editorial.
Caro leitor, antes de tudo preciso deixar claro que não estabelecerei aqui nenhuma forma de embate ideológico ou mesmo a defesa cega de qualquer modelo específico. Trata-se, antes, da ponderação de que, em uma democracia moderna, a alternância de ideias e práticas traz na sua esteira a evolução. Com esse intuito convido-o a prosseguir nesta reflexão.
O inevitável impasse econômico para o qual nos dirigimos, no apagar das luzes do triunfalismo que se apossou do Brasil nos últimos anos, traz consigo a demanda por uma reflexão profunda sobre o nosso destino como nação.
Pátria essa que, persistentemente, se mantém tomada por um protagonismo estatal que, no meu modesto entendimento, ultrapassa em muito o patamar do bom senso. O exagero transgride a zona de segurança da eficiência produtiva, tão cara a um país que se enxerga, legitimamente, como potencial ocupante das primeiras posições na liderança econômica internacional.
Senso crítico sempre!
Para aqueles que acompanham meus escritos e conhecem o tom ácido com que abordo determinados temas, fica aqui o meu testemunho, muito sincero, de que, sim, acredito muito no nosso Brasil varonil, mas não abro mão do senso crítico e da observância da realidade.
Acredito que caminhando com um saco de certezas em uma mão, e outro tomado de dúvidas na outra, é que se avança pelas rotas mais seguras.
A história se repete?
O nosso recente ufanismo triunfalista não espanta nenhum observador que se mire da máxima de que a história sempre se repete. A prova disso no caso brasileiro está na nossa história recente, precisamente durante a segunda metade da década de 50, com o programa desenvolvimentista de JK e depois nos anos 70 com o “milagre brasileiro”.
Nos dois períodos fomos percebidos pela comunidade internacional como “a inevitável grande potência que nascia” dentre os emergentes. E, nas duas ocasiões, o saco das certezas superou em muito o saco das interrogações – e, desprovidos de senso crítico, mergulhamos, uma vez após a outra, em crises econômicas e políticas sem precedentes.
Estado intervindo demais não é a saída…
Mas existe um outro padrão comportamental a nos perseguir, e este independe de legendas partidárias, de grupos políticos ou ideológicos, e até mesmo de congregações acadêmicas. Trata-se do mecanismo insistente de um estado excessivamente participativo na nossa economia e segmentos de nossa vida social.
Em uma matemática simples, é fácil concluir que quanto mais participativo ele é, maiores serão as consequências diante de sua ineficiência. A situação se agrava ainda mais quando, além de tudo, a máquina estatal não consegue retornar aos seus cidadãos os benefícios inerentes ao recolhimento de tributos (que, como sabemos no caso brasileiro, supera em muito a média mundial). Junta-se isto ao inferno burocrático em que vivemos e eis que surge a rota para o desastre.
Por um liberalismo de resultados
Calma, eu não prego o liberalismo radical, afinal conhecemos a sua resultante. Creio medianamente no propagado espírito animal do empreendedor. Ou seja, não acho que o estado não possa atuar como vetor de indução em determinados setores, e nem mesmo defendo a desregulamentação absoluta, mas aqui rogo pelo ajuste de sua participação.
Faço um apelo para que, como manda a boa dinâmica democrática, possamos caminhar ao longo de nossa estrada entre modelos alternativos, abastecidos sempre com o mínimo de convergência, de forma que um seja, em seguida, corrigido pelo outro, deixando o populismo atávico de parte de nossa classe política de lado, definitivamente.
Penso que é chegada a hora de vivermos um modelo necessariamente liberal, dotado evidentemente de todos os ajustes necessários. Mas de novo o senso crítico me pega pelo pé, trazendo uma indagação: contamos com líderes capazes disso? Pra pensar. Até o próximo.
Foto de freedigitalphotos.net.