Home Economia e Política Reino Unido sinaliza atrasos em política verde para não “levar povo à falência”

Reino Unido sinaliza atrasos em política verde para não “levar povo à falência”

A prorrogação da meta para 2035 colocaria o Reino Unido em linha com a União Europeia

by Reuters
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O Reino Unido sinalizou que está se preparando para adiar algumas de suas políticas de emissão zero para aliviar a carga financeira das famílias, com uma ministra chegando a dizer que “levar o povo britânico à falência” não salvará o planeta.

O primeiro-ministro Rishi Sunak definirá, ainda nesta quarta-feira, o que ele chamou de uma abordagem mais “proporcional” para atingir zero emissões líquidas até 2050, com uma proibição de novos carros a gasolina e a diesel devendo ser adiada de 2030 para 2035.

Algumas montadoras, que estão investindo na adaptação de suas fábricas para o lançamento de novos veículos elétricos, reagiram com raiva à notícia, enquanto alguns parlamentares do Partido Conservador de Sunak a receberam como uma decisão sensata.

A presidente da Ford no Reino Unido, Lisa Brankin, foi contundente: “Nossa empresa precisa de três coisas do governo do Reino Unido: ambição, compromisso e consistência. Uma flexibilização de 2030 prejudicará todas as três”

A adoção de veículos elétricos vem crescendo de forma constante, com mais de 1,1 milhão de carros elétricos nas estradas britânicas em abril –um aumento de mais da metade em relação ao ano anterior, representando cerca de um em cada 32 carros.

O Reino Unido foi a primeira grande economia a criar uma meta legalmente vinculante de zero emissões líquidas para 2050, e as emissões caíram quase 50% desde 1990, com o fechamento das usinas de carvão e o crescimento da energia eólica offshore.

Aposta política

Com a expectativa de uma eleição nacional no próximo ano, Sunak parece estar apostando que a redução de algumas políticas verdes conquistará os eleitores indecisos, embora analistas e defensores do meio ambiente argumentem que um melhor isolamento e novas fontes de energia seriam mais baratos para as famílias no longo prazo.

Outras áreas que poderão ser revisadas são a introdução gradual de bombas de calor para substituir as caldeiras a gás nas residências e as metas de isolamento.

O próprio consultor independente do governo sobre ação climática disse em junho que o Reino Unido não está fazendo o suficiente para atingir sua meta de meados do século.

“Temos que adotar uma abordagem pragmática, proporcional e que também atenda aos nossos objetivos”, disse a ministra do Interior, Suella Braverman, à Times Radio. “Não vamos salvar o planeta levando o povo britânico à falência.”

O governo já revisou a meta de carros em várias ocasiões nos últimos anos, estabelecendo uma meta inicial de 2040 antes de ser reduzida para 2035 e depois para 2030.

A prorrogação da meta para 2035 colocaria o Reino Unido em linha com a União Europeia.

Grandes grupos automobilísticos, como a BMW, a Volkswagen e a Stellantis, pediram clareza urgente.

A Ford disse que gastou 430 milhões de libras (532 milhões de dólares) em suas instalações de desenvolvimento e fabricação no Reino Unido, com “financiamento adicional planejado para o período de 2030”.

Chris Skidmore, ex-ministro da energia que liderou uma análise do progresso de emissão líquida zero do país, disse que um atraso impedirá o Reino Unido de assumir a liderança na eletrificação da economia, alertando que os empregos e os investimentos iriam para outro lugar.

Sunak agora está tendo que equilibrar a necessidade de tranquilizar as grandes empresas com a pressão que enfrenta de seus próprios parlamentares para não fazer nada que possa exacerbar as pressões já sentidas pela alta inflação e pelo crescimento econômico estagnado.

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