Nos últimos dias, o mercado foi sacudido com a notícia da operação que resultou na união das Casas Bahia com o grupo Pão de Açúcar. Sobre o ângulo das empresas, a fusão é muito bem recebida, pois proporcionará a união de forças de dois grandes grupos que ocuparão boa parte do mercado, formando, a partir dessa nova realidade, a quarta maior empresa do Brasil, atrás de Petrobras, Vale e Gerdau. Depois das fusões no lado financeiro, chegou a vez do varejo. Nasce um gigante.
Mas, o que essa união oferecerá ao consumidor? Seremos beneficiados ou, ao contrário, sucumbiremos em torno da força do novo player que ditará as regras e preços de seus produtos para o mercado? Com maior poder de barganha junto aos fornecedores, seria natural pensar em preços melhores. E isso é verdade, mas também cria-se espaço para melhores margens (operações ainda mais rentáveis para o acionista). Se deseja conhecer o histórico da operação, como ficará a nova empresa e seus desafios, sugiro a leitura da matéria “Com Casas Bahia, Pão de Açucar ganha poder de barganha com indústria”, do G1.
Que tal falarmos novamente de planejamento?
Em primeiro lugar, antes de decidir pela compra, sempre opto por realizar uma boa pesquisa buscando o melhor preço e as melhores condições de pagamento. Com esses grandes grupos surgindo, é, mais do que nunca, indispensável que o consumidor esteja atento ao que acontece à sua volta. Como investidor, por exemplo, pode ser bem interessante ser sócio do novo gigante.
Vale lembrar que a Casas Bahia se notabilizou por vender para as Classes C, D e E. O produto fica como um detalhe, já que o alvo é o crédito fácil, com muitas parcelas a serem pagas. Como educador financeiro, percebo que essa prática foi responsável por criar uma cultura extremamente nociva, a de que pessoas de baixa renda só conseguem comprar algo através das dívidas, dos crediários.
Crédito: um negócio lucrativo
Essa facilidade no crédito e as muitas vezes, ditas sem juros, foram aos poucos absorvendo mercado e criando a cultura do consumo através do pagamento de pequenos valores. Algumas críticas à minha visão se apoiam no fato de que em outros países a relação crédito/PIB é muito maior que a do Brasil. Tudo bem, mas os juros são muito mais civilizados. Muito mais.
Onde há juros interessantes, financiar e parcelar pode ser alternativa justa para o consumo. Sem falar que hoje o planejamento financeiro bem realizado serve de contra-ponto ao pensamento do crediário como única maneira de comprar. Afinal, é fato que a ilusão de várias parcelas diluídas esconde o preço final e leva muitos ao descontrole e à criação de dívidas perigosas. As famílias não se dão conta, mas as dívidas acabam prejudicando a qualidade de vida – quando trazem a ilusão contrária.
Acabei por deixar de lado a questão da fusão. Mas foi de propósito. Com um gigante do varejo, a atenção do consumidor precisa estar justamente na negociação e nas possibilidades de compra. Facilidades tenderão a surgir, bem como opções mais interessantes para o pagamento à vista. Além disso, a opção de compra pela Internet tende a dar um salto, justamente para brigar com os gigantes já estabelecidos (Submarino, Americanas etc.). Ganha o cliente.
Então muda muita coisa, mas não muda muito?
Pois é. Mais produtos, mais opções, uma empresa maior, diferentes condições de pagamento. O importante é fazer valer seu direito de buscar sempre boas oportunidades, comprando à vista, de forma consciente, e pedindo desconto. Cabe ressaltar que o preço ideal é aquele que você negocia, não o que é apresentado pelo vendedor.
Os melhores preços e oportunidades estão à espera de quem decidir brigar por eles – e não só daqueles que esperam super promoções e preços de liquidação. Procure comprar com o dinheiro que você tem e, certamente, você verá muitos benefícios ao contar com empresas maiores e mais robustas como a que acabamos de ver surgir. Se, por outro lado, optar por continuar usando o dinheiro emprestado, pode ser que pouca ou nenhuma vantagem seja percebida. Até a próxima.
Crédito da foto para stock.xchng.